ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA
ESCLARECER O PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 006/07, TERCEIRA
SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA QUARTA LEGISLATURA, EM 06-8-2007.
Aos seis dias do mês de agosto do ano de dois mil e
sete, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara
Municipal de Porto Alegre. Às dezenove horas e trinta e três minutos, a
Vereadora Maria Celeste assumiu a presidência e declarou abertos os trabalhos,
informando que a presente Audiência Pública, conforme requerido pela Mesa
Diretora, seria destinada a esclarecer o Projeto de Lei Complementar do
Legislativo nº 006/07 (Processo nº 1312/07), que altera a ementa, o artigo 1º e
o artigo 3º da Lei Complementar nº 493/03, (que dispõe sobre segurança em estabelecimentos
comerciais e congêneres, altera a Lei Complementar nº 284/92, e alterações
posteriores, e dá outras providências), incluindo proibição de qualquer
atividade ligada ao transporte de valores durante o horário de atendimento ao
público, em centros comerciais, “shopping
centers” ou similares, bem como nos horários destinados à entrada e à
saída de alunos, nas áreas próximas a escolas. Durante os trabalhos, estiveram
presentes os Vereadores Adeli Sell, Alceu Brasinha, Bernardino Vendruscolo,
Carlos Comassetto, Clênia Maranhão, Dr. Goulart, Dr. Raul, Elias Vidal, Ervino
Besson, Haroldo de Souza, João Carlos Nedel, Maria Celeste, Maria Luiza,
Maristela Maffei, Newton Braga Rosa, Professor Garcia, Sebastião Melo e Sofia
Cavedon. Compuseram a Mesa: a Vereadora Maria Celeste, Presidenta da Câmara
Municipal de Porto Alegre; o Senhor Marco Antônio Moura dos Santos,
representando a Secretaria Estadual da Segurança Pública; o Senhor César Pons
Dias da Costa, representando o Banco Central do Brasil – BACEN – em Porto
Alegre; o Senhor Marcos Emanuel Torres de Paiva, Presidente da Associação
Brasileira das Empresas de Transportes de Valores; e o Senhor Sandro Chimendes
Porciúncula, representando a União das Associações de Moradores de Porto
Alegre – UAMPA. A seguir, a Senhora Presidenta prestou esclarecimentos acerca
das normas a serem observadas durante os trabalhos da presente Audiência
Pública, informando que, após pronunciamento inicial dos Senhores César
Pons Dias da Costa, Marco Antônio Moura dos Santos, Marcos Emanuel Torres de
Paiva e Sandro
Chimendes Porciúncula, seria concedida a palavra aos Senhores Vereadores, para
pronunciamentos, intercalados com manifestações dos interessados, sendo
de cinco minutos a duração máxima dessas explanações. Em continuidade, foram
iniciados os debates acerca do Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº
006/07. Na ocasião, a Senhora Presidenta concedeu a palavra aos Senhores César
Pons Dias da Costa, Marco Antônio Moura dos Santos, Marcos Emanuel Torres de
Paiva e Sandro
Chimendes Porciúncula. A seguir, manifestaram-se sobre o assunto em
discussão os Vereadores Professor Garcia, Maristela Maffei, Sebastião Melo,
Ervino Besson, Carlos Comassetto, Bernardino Vendruscolo, Sofia Cavedon e Adeli
Sell e os Senhores Flávio do Couto e Silva, representando o Sindicato e
a Associação dos Bancos no Estado do Rio Grande do Sul; Luiz Carlos Góis de
Morais, representando a Associação dos Moradores e Amigos da Vila Planalto;
Antônio Cesa Longo, representando a Associação Gaúcha de Supermercados – AGAS
–; Juberlei Baes Bacelo, representando o Sindicato dos Bancários de Porto
Alegre e Região – SindBancários –; Antonio Carlos Pires de Ávila, representando
o Sindicato dos Empregados em Empresas de Transporte de Valores e Escolta
Armada do Rio Grande do Sul – SINDIVALOR –; Maurício Melo, representando a
Sociedade Ervino de Assis; Paulo Roberto Barck, representando a União Geral dos
Trabalhadores – UGT –; Ademir José Wiederkehr, representando o SindBancários;
Evandro Vargas Santos, representando o Sindicato, a Federação e a Confederação
dos Vigilantes; Waldir Bohn Gass, representando a Federação Gaúcha de
Associações de Moradores – FEGAM –; e Marco Antonio Kalikowski, representando o
Sindicato dos Empresários Lotéricos do Rio Grande do Sul – SINCOERGS. Na
ocasião, a Senhora Presidenta registrou o recebimento de correspondência
referente ao Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 006/07, enviada pelo
Sindicato dos Lojistas do Comércio de Porto Alegre – SINDILOJAS. A seguir, a Senhora Presidenta concedeu a palavra aos Senhores Marcos
Emanuel Torres de Paiva, Sandro Chimendes Porciúncula, César Pons Dias da Costa e ao Tenente-Coronel Marco Antônio Moura
dos Santos para as considerações finais
acerca do tema em debate. Durante a presente Audiência Pública, a Senhora
Presidenta registrou as presenças, neste Plenário, do Deputado Estadual Raul
Carrion e dos Senhores Adão José Correa Paiani, Ouvidor-Geral da
Secretaria da Segurança Pública do Estado do Rio Grande do Sul; Idenir
Cecchim, Secretário Municipal da Produção, Indústria e Comércio; e Roben Martins,
representando a Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Segurança Urbana.
Às vinte e duas horas e quatro minutos, nada
mais havendo a tratar, a Senhora Presidenta declarou encerrados os trabalhos da
presente Audiência Pública. Os trabalhos foram presididos pela Vereadora Maria
Celeste e secretariados pelo Vereador Alceu Brasinha. Do que eu, Alceu
Brasinha, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata, que será
assinada por mim e pela Senhora Presidenta.
A
SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): Boa-noite
a todos e a todas; estamos abrindo mais uma Audiência Pública da Câmara
Municipal de Porto Alegre, esta que tem o objeto específico da discussão do
Projeto de Lei Complementar do Legislativo, PLCL nº 006/07, que altera a Ementa
do art. 1º e do art. 3º da Lei Complementar nº 493, de 19 de agosto de 2003,
que dispõe sobre a segurança em estabelecimentos comerciais e congêneres,
altera a Lei Complementar nº 284, de 27 de outubro de 1992, e alterações
posteriores, e dá outras providências, incluindo proibição de qualquer
atividade ligada ao transporte de valores durante o horário de atendimento ao
público, em centros comerciais, shopping centers ou similares, bem como
nos horários destinados à entrada e à saída de alunos, nas áreas próximas a
escolas. Projeto de Lei Complementar de autoria do Ver. Professor Garcia.
Convido,
de imediato, para compor a Mesa de abertura dos trabalhos, o representante do
Banco Central do Brasil, Sr. César Pons Dias da Costa, Gerente-Técnico
do Meio Circulante de Porto Alegre; o Sr. Marcos Emanuel Torres de Paiva,
Presidente da Associação Brasileira das Empresas de Transporte de Valores; o
Tenente-Coronel Marco Antônio Moura dos Santos, representante da Secretaria de
Segurança Pública do Estado; o Sr. Sandro Chimendes, representante da União das
Associações de Moradores de Porto Alegre.
Nós
já estamos recebendo, ali com a Diretora Legislativa, as inscrições das entidades
e das comunidades que querem se manifestar. Na dinâmica dos trabalhos, faremos
uma rápida abertura com os representantes do Poder Federal e do Poder Estadual.
Logo a seguir, abriremos dez minutos para uma explanação da entidade que é a
favor do Projeto, dez minutos para a outra entidade que é contra o Projeto;
estaremos intercalando na Audiência as falas dos Vereadores que podem se
inscrever por cinco minutos; iniciaremos com o Professor Garcia, por ser o
autor do Projeto; estaremos intercalando com as demais falas das inscrições já
colhidas pela Diretora Legislativa.
Também queremos citar
a presença do Deputado Estadual Raul Carrion; do Sr. Flávio do Couto e Silva,
representante da Associação dos Bancos do Rio Grande do Sul; do Sr. Evandro
Vargas Santos, Presidente do Sindicato da Federação e Confederação dos
Vigilantes; do Sr. Antonio Carlos Pires de Ávila, representante do Sindicato
dos Empregados e Empresas de Transporte e Valores e Escolta do Rio Grande do
Sul; do Sr. Adão José Correa Paiane, Ouvidor-Geral da Segurança Pública; do Sr.
Juberlei Bacelo, Presidente do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre. Na
medida do transcurso desta Audiência estaremos registrando as demais
autoridades.
Iniciaremos, então, com a manifestação do
representante do Banco Central do Brasil, Sr. César Pons Dias da Costa.
O SR. CÉSAR DIAS DA COSTA: Boa-noite,
senhoras e senhores. O Banco Central do Brasil, a área do meio circulante, tem
como missão colocar à disposição da sociedade dinheiro em quantidade adequada
para o desenvolvimento das atividades econômicas e com a qualidade necessária
de segurança para que este dinheiro chegue à população e seja um dinheiro
confiável, e que a população não tenha problema nem de abastecimento e tão
pouco de risco no que diz respeito a cédulas falsas, e é esta a preocupação do
Banco Central no momento em que nós estamos discutindo o Projeto de Lei do Ver.
Professor Garcia.
Nós temos então uma preocupação muito grande de que
o abastecimento de dinheiro à população não sofra qualquer tipo de problema por
força de uma lei, e que as atividades econômicas das diversas regiões do Rio
Grande do Sul sejam preservadas, dentro do possível. Temos observado, quando
viajamos para diversas cidades do interior do Rio Grande, que - de acordo com o
que vem sendo feito hoje em termos de distribuição de valores e com a frota de
carros-fortes que faz esta distribuição de dinheiro, recolhimento, depósitos e
todo atendimento de demanda da rede bancária e dos órgãos, entidades e
associações de classes, como supermercados, comércio e assim por diante -, com
o horário que existe hoje já há uma dificuldade muito grande de colocar o
dinheiro nos horários da primeira hora da manhã e durante o dia, para o
atendimento daquela demanda emergencial.
Então, hoje nos preocupa muito, uma vez que esta
distribuição não possa ser feita neste horário, de que forma seria feita? À
noite, por exemplo. Teríamos talvez que mudar todo um modelo que existe hoje,
porque o Banco Central tem um horário de atendimento das 8h até às 17h30min, o
Banco do Brasil, como custodiante oficial do Banco Central, da mesma
forma. O Banco do Brasil precisa colocar o dinheiro nas suas agências e nas
agências dos bancos, que estão na praça de jurisdição, às 8h da manhã – é o
caso da Caixa Econômica Federal que precisa atender os PATs. Toda rede
bancária tem necessidade de ter este dinheiro à primeira hora para atender o
cidadão que para lá se dirige às 10h e que precisa do dinheiro para o seu
dia-a-dia.
Por outro lado, nos parece que, se for mudado este
modelo, não estamos vendo ainda uma solução para este problema de distribuição
de dinheiro. Nós temos a experiência de anos passados, por ocasião de planos
econômicos, em que nos defrontamos várias vezes com a dificuldade do dinheiro
chegar às empresas. Eram as folhas de pagamento que eram atrasadas e que geravam
um problema social muito grande, e o Banco Central recebia muitas reclamações
relativas a isso aí.
Então a nossa preocupação, a preocupação do Banco
Central é no sentido de que o dinheiro continue chegando para a sociedade, na
quantidade e com a qualidade necessária. Era isso que eu queria dizer
inicialmente. Muito obrigado.
A SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): Obrigada, Sr.
César.
Passo, de imediato, para o Sr. Tenente-Coronel
Marco Antônio Moura dos Santos, para as suas considerações iniciais.
O SR. MARCO ANTÔNIO MOURA DOS SANTOS: Boa-noite a
todos os presentes. Em nome do Secretário de Segurança Pública, José Francisco
Mallmann, a Secretaria de Segurança Pública está aqui presente no sentido de,
inicialmente, ouvir as perspectivas, as propostas, pois qualquer uma das
decisões tomadas aqui vão gerar medidas decorrentes por parte da Secretária de
Segurança Pública e, principalmente, por parte dos seus órgãos vinculados, em
especial, a Brigada Militar e a Polícia Civil.
A preocupação da Secretaria de Segurança Pública,
independente da medida que for tomada, é com a segurança. Anteriormente,
estávamos conversando com diversas pessoas e estávamos falando a respeito de
dados e de estatísticas, e a gente sabe que esse tipo de ocorrência que vai ter
forte clamor e, principalmente, uma forte repercussão, quando nós temos
situações como as ocorridas, mesmo que nós tenhamos estatísticas apontando por
uma redução significativa desse tipo de problemas no nosso Estado e,
principalmente, em Porto Alegre.
Entretanto, qualquer ocorrência que tenha uma
vítima, uma lesão e, principalmente, uma morte, ela já nos causa problemas e
preocupação constante. Então, a Segurança Pública tem avaliado; foi-nos levada,
a partir da própria Câmara de Vereadores, a proposição desta alteração de uma
Lei, porque, na verdade, esta Lei já existe dentro do Município de Porto
Alegre. Então é uma alteração a uma Lei já existente, onde vão se estabelecer
alterações na sua Emenda, alterações em dois dos seus artigos, e, a partir
desta alteração, nós poderemos ter, como foi colocado anteriormente, talvez uma
mudança de modelo. E, se for uma decisão da sociedade de Porto Alegre, a partir
dos seus Vereadores, desta forma, ela venha a ocorrer, e que todos os demais
segmentos envolvidos tenham que mudar modelos, nós vamos ter que adotar,
também, mecanismos para isso.
A
Secretaria de Segurança Pública tem, a partir já do início deste ano, realizado
diversas operações policiais especificamente envolvendo essa preocupação.
Então, nós estamos com operações sendo desencadeadas constantemente. Nos
últimos meses, também a partir de uma portaria, foram definidas três operações
permanentes por parte da Secretaria de Segurança Pública, duas delas com o foco
direcionado a delitos com maiores indicadores de criminalidade, e entre eles
está o furto e o roubo em estabelecimentos bancários em toda a sua magnitude.
E, a partir também de algumas demandas e de alguns problemas que nós tivemos
nos últimos meses, foram também desencadeadas a “operação sensação” e uma operação
designada “caixa forte”, que têm a preocupação de ampliar as medidas da Brigada
Militar, e ampliar as medidas da Polícia Civil sobre o segmento e sobre essa
situação envolvendo estabelecimentos bancários.
Então
gostaríamos de reforçar a preocupação da Secretaria de Segurança Pública, que,
para nós ela é muito pontual, ou seja, a vida é o bem maior, é o bem jurídico
que nós precisamos preservar, quer seja ele das pessoas que vão aos bancos, que
vão aos estabelecimentos bancários, que vão a outros estabelecimentos
congêneres, que também efetuam movimentações financeiras, aos trabalhadores que
desempenham as suas atividades nesses estabelecimentos, aqueles trabalhadores
que participam da movimentação desse valor circulante, então, aos empregados,
aos envolvidos com transportes de valores, e até aquelas pessoas que não têm
nada a ver com isso, e os senhores devem se lembrar do caso de Bom Jesus, onde
nós tínhamos uma pessoa que não estava envolvida com nenhum tipo de atividade
com respeito ao estabelecimento bancário, e, em virtude de um determinado
problema, também foi ferido e acabou morrendo. Então a Secretaria de Segurança
Pública tem trazido isso, e gostaríamos de estar aqui para ouvi-los, para
verificar quais são as posições da comunidade e qual é a posição também dos
Srs. Vereadores e das Sras. Vereadoras do Município de Porto Alegre. Muito
obrigado.
A
SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste):
Obrigada, Tenente-Coronel Marco Antonio.
Quero
registrar a presença dos Vereadores Alceu Brasinha, Ver. Dr. Raul, Ver.ª Maria
Luiza, Ver.ª Maristela Maffei, Ver. João Carlos Nedel, Deputado Raul Carrion,
já foi citado; Ver. Haroldo de Souza, Ver.ª Sofia Cavedon, Ver. Bernardino
Vendruscolo, Ver. Sebastião Melo, Ver.ª Clênia Maranhão, Ver. Prof. Garcia,
também já citei; Ver. Elias Vidal, Ver. Ervino Besson. Registro também a
presença do Sr. Idenir Cecchin, Secretário de Indústria e Comércio do Município
de Porto Alegre; muito bem-vindo, Secretário, à nossa Audiência; e também do
Sr. Roben Martins, representante da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e
Segurança Urbana. Sejam todos muito bem-vindos à Audiência, no dia de hoje.
Passo,
de imediato, então, para o Sr. Marcos Emanuel Torres de Paiva, Presidente da
Associação Brasileira das Empresas de Transporte de Valores, que terá dez
minutos para a sua explanação; logo a seguir, o representante da UAMPA
também.
O
SR. MARCOS EMANUEL TORRES DE PAIVA: Boa-noite,
senhores. Vou fazer um breve relato da nossa atividade de transporte de
valores. As empresas de segurança
privadas, no ramo de transporte de valores, têm uma regulamentação
federal, Lei Federal nº 7.102. Como tal, nós somos os responsáveis pelo
transporte do numerário e pelo meio circulante do País. Compete-nos, por forma
legal, esse trabalho. Para tanto, adotamos a logística pesada, seguindo
preceitos legais. Os vigilantes são formados e reciclados por escolas de
formação que são autorizadas pela Polícia Federal, que fiscaliza tanto a
empresa como o próprio empregado. Há outras autarquias que regulamentam a
entidade como a atividade, como Contran. O IRB baixou, em 2005, um normativo
proibindo que nós fizéssemos o transporte de valores a partir das 20h até às 7h
da manhã do dia seguinte. Essa tomada de posição do IRB não foi feita de forma
aleatória; ela foi baseada em estudos e estatísticas. Nós perdemos - e eu vou
citar só o caso de Porto Alegre -, nos últimos cinco anos, oito vigilantes -
oito famílias enlutadas - fazendo transporte de valores. Isso porque estavam
dentro de carros blindados e eram treinados para fazer o serviço. Então, quando
eu vejo um movimento desses, procurando modificar a Lei para alterar os nossos
horários, eu fico preocupado. Quando eu vejo que as empresas de transporte de
valores estão no alvo, fico mais preocupado ainda, porque nós somos parte da
sociedade, nós somos empregados, nós cumprimos com a regra, cumprimos com a
Lei, e cumprimos de forma muito restrita, porque a empresa que descumprir
qualquer ordem da Polícia Federal tem sua atividade encerrada. E o que é que se
vê? A proposta de mudança de horário vai resolver o problema? Não vai resolver
o problema. Na Cidade de Porto Alegre, trabalham cinco empresas. São
aproximadamente 115 veículos especiais que fazem o transporte de valores. Em
média, cada carro faz 20 atendimentos. Temos, por baixo, 2.300 atendimentos por
dia, levando dinheiro para as agências, recolhendo dinheiro de casas lotéricas e shoppings
de bom preço. É um trabalho difícil de ser feito e é feito com muita
responsabilidade. Mas eu me pergunto: se nós não tivéssemos esta estrutura tão
bem organizada e tão pesada, como seria o transporte de valores neste País? O
que eu vejo é que falta Segurança Pública não só em Porto Alegre, mas no País
inteiro. Nós temos deficiência de Segurança Pública, os ladrões estão soltos, então
na hora em que um Projeto de Lei quer lançar para a madrugada o transporte de
valores, tenham em vista que nesta cidade de Porto Alegre mais de 400
vigilantes estarão sendo objetos de assalto, como também estarão sendo
assaltadas as agências bancárias que terão que ficar com dinheiro, as casas
lotéricas que não poderão ter recolhidos seus numerários, todo estabelecimento,
enfim, que precisa circular com a moeda. O Poder Público precisa regularizar o
atendimento, mas não mudar o horário lançando os vigilantes numa aventura de
madrugada para serem assaltados. Acredito que somos todos vítimas, mas seremos
muito mais se esse Projeto for aprovado. Muito obrigado.
A SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): Muito
obrigado.
Passamos a palavra ao Sr. Sandro Chimendes,
representante da União das Associações de Moradores de Porto Alegre.
O SR. SANDRO CHIMENDES: Ver.ª Maria
Celeste, ao cumprimentá-la, cumprimento todos os Vereadores e, em nome da
Vereadora, gostaria de cumprimentar, de forma pessoal, o Ver. Professor Garcia
por proporcionar essa atividade que a sociedade civil organizada vem debater
junto com os Vereadores. Gostaria de cumprimentar também os representantes do
Banco Central, da Secretaria de Segurança do Estado, o representante da
Associação Brasileira dos Transportes de Valores, aqui presente, fazendo parte
desta Mesa, e, em particular, os meus colegas comunitários que estão presentes
neste plenário. O tema “Segurança Pública” é um tema complexo como qualquer
outro hoje na cidade de Porto Alegre, logo ali na frente a gente pode ser
assaltado, ao sair aqui da Câmara, até porque todos nós sabemos que o Estado
não consegue fazer tudo, e por nossa vez, cidadãos, ficamos à mercê dos
bandidos que estão aí.
Nós, da UAMPA – União de Associações de Moradores
-, a qual eu represento aqui a Direção-Geral, junto com a Federação Gaúcha de
Associação de Moradores do Estado, temos feito atividades conjuntas com a
Cidade, junto com o cidadão que está lá fora. Nós temos, Vereadora e senhores
representantes, vários departamentos na UAMPA; um deles é o Departamento de
Segurança - nós não o chamamos de “pública” porque ele é nosso. E temos feito
atividades variadas na Cidade, ouvindo o cidadão que está lá na ponta, até
porque, a grande maioria dos membros da nossa instituição moram na periferia da
Cidade, sentem na pele aquilo que aquela família está retratando.
Muitas vezes o bandido mora ao nosso lado. Não é
confortável para nós virmos aqui falar deste tema. É uma obrigação porque nós
sofremos juntamente com 100% desta Cidade, como o representante da Associação
mencionou aqui. Nós também somos cidadãos, pagamos os nossos impostos,
contribuímos muito com esta Cidade, principalmente e fundamentalmente com os
segmentos sociais que estão aí.
Então é pertinente este debate até porque não foi
só um companheiro nosso que sofreu na pele – e aqui eu falo em nome da família
Cupini, com essa dor que o pai teve, que a família teve -, mas a dor está
dentro de mim e, acho, dentro de cada um de vocês.
Nós vimos aqui fazer uma proposição no sentido de
realizarmos uma grande discussão na Cidade para o bem comum de Porto Alegre e
para o bem comum de cada um de nós. Nós não entendemos que, separando forças, nós vamos chegar ao êxito; ao
contrário, nós entendemos que temos que juntar as forças. O esforço que a UAMPA
está fazendo, com o apoio do Vereador e com a parceria de alguns setores da
Cidade, é no sentido de fazer uma sintonia e melhorar o grande Projeto. Para
nós, no momento, o que se apresenta é bom. Ele não é o todo, mas soluciona,
parcialmente, o que há pouco tempo não se conseguia discutir.
Nós já diagnosticamos que, com este Projeto que o
Vereador, à época, e hoje Deputado Carrion
conseguiu aprovar foi dado uma ênfase ao tema, mas ele não foi
totalmente discutido na Cidade, e nós não conseguimos ver um retorno do
Projeto.
Então, por isso, e não foi só o acontecimento com
relação à Cristiana, saudosa Cristiana, que
nos fez avaliar essa questão, a questão da Segurança. Nós também estamos
preocupados com o que diz respeito ao vigilante. Vocês estão olhando para um
que já foi vigilante, eu já trabalhei na Rudder e sofri um assalto, eu não
morri no assalto, o meu colega morreu. Então, eu sei do que vocês estão
falando; de uma forma particular, eu senti na pele a mesma coisa que o
vigilante, meu ex-companheiro, sofreu. Então, nós, da UAMPA, temos a seguinte
proposição de encaminhamento: nós queremos debater de forma aberta e
transparente o Projeto do Vereador, as proposições que caírem na Mesa, ouvir o
terceiro setor no que vem a contribuir. Agora há pouco estávamos conversando
com o representante do Sindicato dos Bancários, ele colocava uma coisa
interessante: por que não nós readequarmos, de forma organizada, os prédios que
comportam os bancos? Perfeito, eu também concordo, acho que a nossa instituição
é favorável a isso, mas isso tem um custo. Nós gostaríamos de saber e de ter o
encaminhamento amplo: quais são os precedentes que se colocam hoje como
alternativos a este que nós estamos apresentando? E o que nós, como sociedade
civil, podemos fazer? Vocês estão enxergando lá a juventude que está no
plenário – que muito pouco se faz presente aqui nesta Casa no dia-a-dia, não é,
Vereadora? – ela vem de fez em quando, mas hoje ela está presente, são
funcionários de uma loja que fica lá perto, são estudantes de uma Universidade,
que sofrem na pele também. Então, não focalizando para a questão “família”, mas
para a questão “cidade”, o que Porto Alegre vai ter de ganho com a aprovação do
Vereador? Ou não? Ou com a reformulação de um grande Projeto para Porto Alegre
na área da Segurança? O que o Estado pode contribuir conosco? Qual é a pauta
que nós vamos construir conjuntamente daqui para a frente? Acho que, se a gente
conseguir fazer essa avaliação, nós vamos avançar muito, até porque, é a minha
vida que está em jogo, é a vida do cidadão que está ali fora, é a vida do
Vereador que transita na Cidade... Bem, eu acho que é o conjunto, então a nossa
proposta é trabalhar conjuntamente com todos os setores da sociedade civil
organizada e, por sua vez, também as entidades que aqui representam o setor
financeiro, para a gente chegar numa alternativa que dê o diferencial. Qual
seria o grande diferencial? Essa é a pergunta que fica. Obrigado. (Palmas.)
A
SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): Vamos
intercalar a palavra entre Vereadores e comunidade no decorrer do processo.
O
Ver. Professor Garcia está com a palavra.
O SR. PROFESSOR GARCIA: Sra.
Presidenta, Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e
demais presente.) Fazendo um retrospecto, quero dizer que esse Projeto nós o
apresentamos no dia 14 de março. Quero salientar isso, porque, em momento
algum, tivemos e não temos a preocupação de votar açodadamente o Projeto. Por
isso, fizemos questão da Audiência Pública para ouvirmos todos os segmentos, e
é importante isso, para que possamos sair daqui com um juízo de valores mais
aprimorado.
Quero salientar também - ao ouvir algumas falas –
que o Projeto de Lei não estabelece um horário específico. Ele restringe, mas
não estabelece um horário específico. Por que isso? Porque cada segmento tem
horários diferentes. Se nós estabelecêssemos um horário, em nossa Cidade, por
exemplo, nós temos – vejo aqui o Presidente Cesa Longo – um supermercado que
atende 24 horas por dia. Nesse, então, nunca se poderia recolher nada.
Ao mesmo tempo, quando se fala de estabelecimentos
acima de mil metros devam ter... Isso se pressupõe também que a entrada e saída
de carros-fortes ficam contempladas desde que tenha um local próprio para isso,
e é isso que se busca aqui. Porque, na realidade, no nosso entendimento, o que
não se quer é o confronto da população que passa no entorno, que não sabe nada
e não tem nada a ver com aquilo, mas que pode ser vítima, como ocorreu, em
Porto Alegre, um óbito, e não é só em Porto Alegre. Nós podemos fazer uma
analogia, por que, por exemplo, em outros países desenvolvidos não funciona dessa forma? Ou seja, os
carros-fortes são obrigados a terem lugar próprio. Seremos nós um País em
desenvolvimento? Eu quero ressaltar que a vida, ou ela desenvolvida, ou ela
está em desenvolvimento, mas o ser humano é único. Sei da preocupação, também,
com a questão patrimonial, e sei que o custo com seguro é caro, mas também
quero ressaltar que uma vida não tem preço.
Tenho
certeza absoluta de que este Projeto, em momento algum, vai fazer com que haja
desemprego. Pelo contrário, essa reordenação vai trazer mais empregos, ou seja,
mais carros-fortes terão que circular. Ao mesmo tempo - e já ingressaram com
uma emenda -, os locais que, hoje, não têm local próprio para o transporte de
carros-fortes, terão que ter um local próximo destinado exclusivamente para o
transporte desses carros-fortes. E me contaram, na semana passada, ao
participar de uma Reunião, que, em Novo Hamburgo, já há alguns locais
pré-determinados. Daí a importância dessa Audiência Pública, para nós ouvirmos,
colhermos novas experiências, para que Porto Alegre possa dar um exemplo para o
Brasil daquilo que, neste momento, é possível. Talvez, não seja o que nós
queiramos e o que possa ser feito, mas que seja algo que possa ser viável e
factível neste momento. Quando se coloca a questão das escolas, por que
colocamos horários de entrada e saída? Porque é, também, um horário de grande
circulação.
Senhoras
e senhores, eu quero, de forma bem fraterna, colocar - e vejo que o Secretário
Municipal de Indústria e Comércio está aqui conosco -, que, talvez, daqui para
frente, seja instituído, Secretário Cecchim, que, para a concessão de novos
alvarás para bancos em Porto Alegre, só tendo o baú, como é dito. São situações
novas que nós temos que colocar. Por exemplo, nos países desenvolvidos não
existe caixa eletrônico como existe aqui, em que os caras vão lá e arrancam,
porque ele está sempre vinculado onde é feito o depósito. Então, nós temos toda
uma tranqüilidade em dizer que esse Projeto é um Projeto viável, factível, e há
uma coisa que eu aprendi: um Projeto para ser bom tem que ser bom para ambas as
partes. Ele tem que contemplar a sociedade, mas também um outro segmento tem
que perder alguma coisa para dar sustentação em cima disso. E é isso que se
busca, é isso que nós queremos ouvir, aqui, nesta noite: as posições
contrárias, as posições a favor, e não agirmos de forma emocional, mas, sim,
sob uma visão plausível, racional para que nós possamos, sim, daqui para
frente, volto a dizer, ter aquilo que seja bom para a nossa Cidade e para seus
munícipes. Muito obrigado.
A
SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): O
Sr. Flávio do Couto e Silva, do Sindicato e Associação dos Bancos do Rio Grande
do Sul, está com a palavra.
O
SR. FLÁVIO DO COUTO E SILVA: Exma.
Sra. Presidente, autoridades da Mesa, eminentes Vereadores, senhoras e
senhores, venho aqui em nome dos bancos, mas não apenas em nome dos bancos,
porque sou Diretor de banco há apenas quatro anos, mas fui bancário durante 25
anos e isso me dá uma legitimidade, com o perdão do Juberlei e do Ademir, que
aqui estão presentes, para falar também em nome dos bancários, porque sei as
angústias, as preocupações que os nossos funcionários, aqueles que trabalham
para os bancos, sentem e sofrem no dia-a-dia.
Esse
Projeto de Lei, Srs. Vereadores, se passar, será um verdadeiro estímulo à
criminalidade, à bandidagem. Por quê? Porque ele fere duas regras universais de
segurança, que são: primeiro, não se deve concentrar todos os valores num
determinado ambiente; e, segundo, não se deve posicionar o horário dos
transportadores de valores. E esse Projeto, como vou aqui demonstrar em breves
linhas, posiciona e determina o horário, sim, ao contrário do que pensa o
eminente Ver. Professor Garcia. Por quê? Porque estabelece que as
transportadoras de valores somente poderão pegar os recursos após o expediente
comercial. Então, imagine, Sra. Presidenta, um Bourbon, um Big, um Carrefour,
um Zaffari, para potencializar o exemplo: as transportadoras de valores somente
poderão apanhar os recursos – hoje eles fazem uma sangria, em dez, doze
oportunidades nas 2.300 idas, como o Presidente da ABETV falou – após as
onze horas da noite. E isso vai significar para os bandidos que, nesses supermercados, até às onze horas
da noite, todo o recurso arrecadado ali, das 8h30min até as 11h, está ali
depositado, sem porta de segurança, sem segurança armada, sem nada! É um
convite à bandidagem! Por que eu, bandido, vou assaltar um banco ou vou
assaltar uma transportadora de veículos? É muito mais fácil assaltar um
supermercado, assaltar uma empresa comercial, assaltar o pequeno comerciante da
Av. Assis Brasil, da Av. da Azenha, do que enfrentar uma vigilância. Muito mais
fácil, porque se sabe que ali está o dinheiro. Então, mais: essas
transportadoras de valores que pegarão o dinheiro às 11 horas da noite ou às 10
horas da noite num shopping cuja Segurança Pública diminui os efetivos
nesse horário, o bandido vai saber que evidentemente aqueles carros-fortes
estarão cheios de dinheiro, cheios de valores, e vai ser um problema seriíssimo
para os vigilantes! Não é apenas para uma meia-dúzia! Não, para os vigilantes,
para os comerciários, para os bancários, para todos! Para toda Porto Alegre!
Não é possível se falar aqui em um ou dois grupos. Não! Principalmente os
vigilantes, que hoje trabalham com uma efetividade bárbara, protegidos pela
Secretaria de Segurança. E o que mais será dos vigilantes se trabalharem com
70% do efetivo da Segurança Pública reduzido? Nós vamos botar esse pessoal
honrado e suas famílias em jogo.
Sra. Presidente, temos poucos minutos para falar
aqui, mas com o nosso funcionário de banco, o que vai acontecer? Hoje os
bandidos sabem que os bancos não têm lá grandes valores, porque também se faz
essa sangria que falou o ilustre Presidente da Associação – nós fazemos essa
sangria. Agora, o que vai satisfazer o bandido sabendo que os bancos vão abrir
com caixa cheia? Eles vão assaltar os bancos? Vão. Mas o bandido ignorante,
porque o bandido inteligente – está aqui o Juberlei para não nos deixar mentir –
vai à casa do gerente, à casa do funcionário subalterno e vai saber:
“Meu filho, eu vou botar uma arma aqui na cabeça da tua mulher e tu vais lá no
banco, porque eu sei que tu tens dinheiro, e me traz o dinheiro aqui”. E não
vai precisar nem entrar nos bancos.
Sra. Presidente, eminentes Vereadores, vamos juntar
as forças! Concordo em gênero, número e grau com a posição dos dirigentes da
UAMPA. Vamos debater, vamos combater a criminalidade. Vamos dialogar, vamos ver
as inúmeras propostas que existem. Mas não vamos, Sra. Presidente, fazer de uma
tragédia uma dezena de tragédias que esse Projeto gerará. Muito obrigado.
(Palmas.)
A SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): Solicito ao
Plenário, por gentileza, muita calma, muita tranqüilidade, para darmos
seqüência às falas.
A Ver.ª Maristela Maffei está com a palavra.
A SRA. MARISTELA MAFFEI: Exma. Sra.
Presidenta, representantes
que compõe a Mesa, Srs. Vereadores, Sras. Vereadoras, senhoras, senhores, autoridades
aqui convidadas, comunidade, demais segmentos, uma boa-noite a todos, quero
cumprimentar em especial a mãe da nossa Cristiana, sempre presente conosco, o
pai, toda família. O respeito pela dor e o carinho que nós temos por toda a
família, sabemos o quanto significa este momento. Nós estamos vivendo um
momento em que, na verdade, a questão da segurança não perpassa mais em questão
apenas de horários, nós sabemos disso. E se nós fôssemos aqui fazer um
relatório em relação ao índice de violência, não apenas em relação aos
assaltos, enfim, todas as violências que nós temos vivenciado na nossa Cidade e
no nosso Estado, nós saberíamos o quão grave é este momento. Nós também sabemos
que dentro dos carros-forte existem seres humanos, trabalhadores, que no dia-a-dia
labutam e que também estão freqüentemente sofrendo, e que também são mortos.
Mas nós não podemos com isso achar que o debate que nós estamos fazendo aqui,
meu caro senhor que me antecedeu, possa ser reduzido apenas por aqueles que têm
um olhar pelo zelo daquilo que é sua atribuição, que é zelar pela instituição
bancária, zelar também por números. Se fosse apenas isso nós não precisaríamos
nos reunir nesta Casa, nesta noite, ou em qualquer outro momento. Se não
existisse nenhum outro especialista na área, que pudesse nos dar outra
resposta, ou se não existisse exemplo nenhum em nenhuma outra parte do mundo,
nós não estaríamos discutindo aqui. Talvez esta Casa se reduzisse num Partido
único, mas não; nós somos partes e cada um de nós tem um olhar para a
sociedade, e neste momento nós também queremos ouvir os especialistas.
Portanto, Ver. Garcia, o PCdoB não tem nada contra o seu Projeto, ao contrário;
tem respeito pela iniciativa, e temos claro que o Projeto não vem de uma forma,
de um momento que aconteceu esse fato, temos muito claro isso. O que é
estranho para nós? É que já existe um Projeto de Lei, nesta Cidade, de autoria
do Vereador, hoje, Deputado Raul Carrion, e
que não foi regulamentado. Ele foi sancionado, existem vários trâmites
na Câmara. Depois de aprovado, aqui, vai para o sancionamento do Prefeito e
depois para regulamentação. Por que até hoje esse Projeto não foi
regulamentado? Nós temos que esperar acontecer mais uma desgraça, para depois
virmos aqui e discutir mais um Projeto do mesmo problema. Quero deixar bem
clara a nossa posição. Nós não somos contrários. Não achamos também que essa
vai ser a varinha mágica. Nós temos uma opinião formada de que não vamos fazer
esse debate, hoje, porque não é o caso. Mas também não podemos deixar de dar a
nossa opinião. E nesta Casa, sermos vaiados ou aplaudidos tem o mesmo valor.
Porque nós sabemos a responsabilidade que temos quando aprovamos um Projeto de
Lei. Então, coro, aqui, para nós, não é o caso. Nós temos o mesmo respeito com
os trabalhadores que estão lá, enfrentando o dia-a-dia para ganhar o seu pão,
cuidar de um carro blindado, como nós temos a responsabilidade de sentir a dor
dessa mãe que perdeu uma filha, por falta de responsabilidade de um conjunto de
situações que não foram colocadas em prática na Capital do Estado do Rio Grande
do Sul. Portanto o efeito, quando eu sair desta tribuna, vai ser o mesmo, se eu
for vaiada ou aplaudida aqui. Isso tem que ficar claro, porque este é o
princípio da Câmara de Vereadores de Porto Alegre. E terminando a fala, eu
gostaria que nós levássemos em consideração, isso. Que nós víssemos o Projeto.
Se a questão é da metragem, então vamos fazer uma Emenda ao Projeto. Se a
questão é o local, nós não temos aqui o poder de decidir sozinhos. Por isso há
vários especialistas, de várias áreas, nesta Mesa e nesta Casa, que hoje foram
convidados, como o Sindicato dos Bancários, por exemplo, pelo respeito e a
experiência que exigem. E há Parlamentares que têm a responsabilidade de estar
aqui, se for o caso de nós tratarmos com o Ver. Garcia, de convencê-lo a
retirar o Projeto, nós o faremos. Mas se for o caso de nós acharmos que o
Projeto dele é o melhor, a nossa Bancada vai ser a primeira a estar junto para
aprovar. É dessa forma que nós estamos nos portando. Respeitando os
trabalhadores, e respeitando a dor dessa família, enlutada, que nós esperamos
que seja a última nesta Cidade ou em qualquer parte do mundo. Muito obrigada.
(Palmas.)
A SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): Quero
registrar a presença dos Vereadores Carlos Comassetto e Dr. Goulart.
O Sr. Luiz Carlos Góis de Morais, da Associação dos
Moradores e Amigos da Vila Planalto, está com a palavra.
O SR. LUIZ CARLOS GÓIS DE MORAIS: Boa-noite à
Presidenta Maria Celeste, às demais autoridades da Mesa e a todos os presentes!
Eu não vou dizer, aqui neste microfone, o que eu penso de um Vereador que está
jogando aqui a vida das pessoas. Eu considero isso uma ofensa à população. Eu
não vou dizer o que penso. E eu costumo dizer o que eu penso, eu não tenho
“rabo preso” com ninguém! Quero também defender a Família Cupini, que, em
momento nenhum – em momento nenhum! – se aproveitou da morte da filha. Nem o
ex-Secretário de Segurança, Enio Bacci, que fez um trabalho que toda a
população de Porto Alegre reconhece, prendendo bandido, indo junto com a
Policia atrás dos bandidos. Hoje a Segurança, com esta Governadora que aí está,
que não agüentou a popularidade do homem e deixou... Bom, deixando isso para
lá, eu quero falar daqueles dois brigadianos que foram mortos lá em Viamão, da
brigadiana que tomou seis tiros lá em Novo Hamburgo – seis tiros! Estão matando
gente a torto e a direito por matar! E aqui eu vejo gente aplaudir a morte de
uma guria de 22 anos! Alguém aqui nesta platéia, com certeza, tem filha de 22
anos, mas não foi a filha de vocês que morreu!
(Manifestações nas galerias.)
O SR. LUIZ CARLOS GÓIS DE MORAIS: Não foi! Não
foi! Não foi! Não foi! E tem mais...
A SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): Por gentileza,
Luiz Carlos, só um minuto. Por favor, senhores e senhoras, nós temos o
Regimento desta Casa que precisa ser atendido, que precisa ser acolhido. Quando
há um orador na tribuna, nós pedimos a gentileza de que não haja interferência
nas falas. As manifestações podem ser feitas após as falas. Eu estou garantindo
o tempo do Sr. Luiz Carlos, para que ele possa fazer o seu pronunciamento com
tranqüilidade, e de todos os demais que estão inscritos. Portanto, eu gostaria
de solicitar a todos os senhores e senhoras muita compreensão da condução dos
trabalhos. Obrigada, retorno para o Luiz Carlos.
O SR. LUIZ CARLOS GÓIS DE MORAIS: Estou falando
na emoção porque eu conheci a guria com oito anos e depois com 15. Eu estava lá
no velório vendo a dor do Cupini, chorando, como muitos Vereadores
estavam e eu também estava. Parece que estão aplaudindo a morte. Aqui
ninguém está para aplaudir, mas para apreciar o Projeto do Vereador, que é bom.
Também há um Projeto em Brasília - este, sim, está restringindo o horário da
meia-noite às 5h.
(Manifestações das galerias.)
SR. LUIZ CARLOS GÓIS DE MORAIS: Nós somos
favoráveis, sim, ao Projeto do Ver.
Professor Garcia. Agora, temos que ver da melhor maneira possível o que
ele falou. Está o Subsecretário aqui, estão matando gente a torto e a direito;
houve essas mortes; a morte daquela moça, e do PM também no ônibus. Eu agradeço
pela oportunidade de falar, porque essas mortes estão engasgadas. Não estou
falando só na morte dela, não. Também falo na morte de uma moça que, aos vinte
anos, foi imolada lá, em Passo Fundo, e depois teve seu corpo queimado pelo
cara que a imolou – esse cara ainda está solto!
Este País não tem lei, é um País injusto, e é um
País rico. É isso que tinha que ser debatido. A Segurança é um problema do
Estado, mas onde estava o Estado no dia em que a guria morreu? Só há os
Direitos Humanos. Quando morrem PMs, não aparecem os representantes dos
Direitos Humanos para ajudá-los. Onde estavam os representantes dos Direitos
Humanos na hora em que essa menina foi assassinada a tiros? Não apareceu
ninguém lá.
Também quero defender o Cel. Paulo Mendes, que é um
dos melhores. Tiraram o Cel. Alves, e só não tiraram o Cel. Paulo Mendes ainda,
porque aí a Segurança, no Rio Grande do Sul, vai ficar desmoralizada, porque
ele é um dos caras mais corretos e direitos.
Então, é a isso que temos que estar atentos: a
nossa Segurança é uma desgraça. No Rio de Janeiro também matam a torto e a direito. E o que o Governo
Federal faz? O Estado aqui é omisso quando
matam as pessoas; morreram mais de 700 pessoas até hoje, e onde estão os bandidos
que as mataram? Estão soltos, provavelmente assaltando, ou planejando outros
ataques a bancos. Bandido não toma porre para assaltar banco, como estão
querendo prevenir com essa Lei Seca no
Estado. Eu quero que os Vereadores pensem sobre isso também, Lei Seca para
resolver criminalidade? Onde? Vão continuar essas coisas no final de semana,
porque bandido não toma porre, não bebe uma garrafa de vinho para assaltar
banco. Aqui na Câmara, só para dar um exemplo, vieram três vigilantes: um, com
uma arma aqui; outro, com um 38; outro lá, todos se cuidando, como também
aconteceu no Shopping Iguatemi, às 16h. Imaginem que os assaltantes iam
assaltar esse Shopping, com aquele bando de gente lá, vocês já pensaram o que
aconteceria se houvesse um tiroteio? Essa foi mais uma morte, mas quantas
mortes mais vão esperar para
acontecer alguma coisa neste Brasil? (Palmas.)
A
SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): Quero
registrar que recebemos do Sindilojas a posição sobre o texto da Lei
Complementar de autoria do Ver. Professor Garcia, que será anexado ao Projeto.
O
Ver. Sebastião Melo está com a palavra.
O
SR. SEBASTIÃO MELO: Sra.
Presidenta, Ver.ª Maria Celeste; colegas Vereadores e Vereadoras; todos os
participantes desta Audiência Pública; primeiro, quero fazer um apelo aos que
estão aqui participando. Acho que todos nós, aqui, somos favoráveis à vida,
quem está à direita, quem está à esquerda. Acho que será um profundo equívoco
nós encaminharmos esta discussão como estou vendo aqui. Quero fazer um apelo,
pelos meus cabelos brancos!
Segundo,
quero dizer que o tema sobre Segurança Pública é um dos mais complexos neste
País. E nós não podemos tratar Porto Alegre como uma ilha, porque está dentro
do contexto de um País que barbaramente vive uma insegurança enorme! Agora quero
dizer, no início deste debate, que o Brasil, lamentavelmente, em todas as suas
leis penais, ao longo de sua história, sempre privilegiou o patrimônio em
detrimento da vida. É só nós analisarmos os Códigos Penais e toda as
legislações penais deste País - sempre foi assim!
Agora,
meu querido Cupini, meu querido Enoíta e Dona Eva. O Cupini é um dos homens que
mais vi lutar nesta Cidade por questões sociais, sempre um bravo guerreiro das
lutas. E eu sei, Cupini, o que vocês estão passando, a perda, a dor de um pai,
de uma mãe, de uma irmã, dos amigos, eu me somo a essa dor de vocês.
Agora,
acho, meus caros Vereadores, que essa matéria não pode ser tratada com
simplismo. Primeiro, banco neste País ganha muito dinheiro, portanto, tem que
se adequar. Há uma legislação do Ver. Carrion que é muito boa, ela está dizendo
que, naqueles estabelecimentos que têm acima de mil metros quadrados, tem que
ter um local adequado para recolher o dinheiro. Essa Lei é de 2003, essa Lei é
de outubro, e, de lá para cá, a Prefeitura não fiscalizou, não, porque tinha
180 dias para adaptarem-se aqueles estabelecimentos que não tinham, a Lei está
dizendo em seu art. 2º. E nada foi feito! Então, eu quero dizer o seguinte: a
Prefeitura tem que fazer cumprir a Lei, não adianta eu fazer uma nova lei, se
há uma Lei!
Então,
eu quero dividir a minha fala em duas direções: em relação ao sistema
financeiro, eles têm condições de adaptar, têm muito dinheiro, têm muita
gordura, seja para as portas blindadas, seja para outras atitudes; e tem que ter
horário. Um carro-forte não pode chegar na frente de um banco e ficar esperando
uma hora para recolher o dinheiro! Isso está errado! (Palmas.) Será que os
bancos não podem botar mais três funcionários? Será que não têm dinheiro para
pagar?! Para saber se vai chegar às 11h, e que, às 11h15min, o carro-forte tem
de sair da frente. Então, eu acho que nós temos que tratar em relação ao
sistema financeiro, Presidenta, mas eu quero perguntar e quero ouvir nesta
Audiência o seguinte: quantos estabelecimentos comerciais em Porto Alegre
trabalham e dependem do transporte de valores? São mil, dois mil, três mil,
quatro mil? É um mercado médio?
E
aí, cá para nós, o carro-forte está sujeito a assalto, mas, se o ladrão souber
que no supermercado da vila popular o dinheiro vai passar a noite ou está lá
durante o dia, ele vai assaltar e vai matar pessoas dentro do supermercado!
(Palmas.)
Então,
eu não posso votar uma lei, eu tenho que “separar o joio do trigo”. Está
correta a fala de quem disse que o sistema de abastecimento de dinheiro das
caixas-fortes depende do transporte de valores? Depende. Se depende, como é que
nós vamos resolver isso para que os caixas tenham dinheiro?
Então,
meus caros amigos, o meu caro Ver. Professor Garcia, um dos Vereadores mais
competentes desta Casa, extremamente responsável - não tenho procuração para
dizer isso, mas o Ver. Garcia não propôs este Projeto por essa tristeza que
aconteceu. E eu também digo: o Cupini e sua família são gente séria, correta
decente e jamais...
Agora,
quero dizer que, às vezes, tem determinados políticos que querem tirar proveito
político disso, sim. Naquela caminhada na Av. Assis Brasil, eu até não quis
falar, porque achei que a coisa estava enveredando para um lado que... Eu não
podia ver aquilo.
Por
isso eu quero propor aqui, minha cara Presidenta, o seguinte: que a Prefeitura,
meu caro Cecchim - cadê o meu companheiro Cecchim? -, possa assumir, junto com
a Câmara de Vereadores, este fórum que está aqui, e com outras tantas
entidades, e criar, a partir de amanhã, um grupo de trabalho para poder
caminhar, para melhorar, para qualificar, para fazer cumprir a Lei, para
regulamentar a Lei. Esta é a sugestão modesta que eu quero deixar. Vamos
despolitizar partidariamente este debate, se não vai dar coisa errada. Agora,
que temos que encontrar uma solução, temos! Não está correto que um carro-forte
pare na Av. Assis Brasil, na Av. Wenceslau Escobar, na Av. Farrapos, onde
passam 200, 300 transeuntes, e a metralhadora ali, junto. Isso está errado!
Isso não está correto. Isso tem que ser corrigido! Agora, eu não posso é criar
uma legislação geral, em que se desabasteça, lá na ponta do bairro Sarandi, lá
no bairro do Lami, onde tem um supermercado, e estabeleça um horário para
receber, na madrugada, porque nós sabemos o que vai acontecer: tragédias e mais
tragédias.
Agora,
eu tenho certeza absoluta de que esta Cidade plural, respeitosa, terá a
capacidade de construir uma legislação do tamanho da sua história, para que
possa avançar enormemente a favor da vida, porque, tanto aqui como ali, todos
nós somos pela vida, e é isso que tem que pautar, na minha avaliação, esta
Audiência. Muito obrigado, Sra. Presidenta. (Palmas.)
A
SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): O
Sr. Antônio Longo, da Associação Gaúcha de Supermercados, está com a palavra.
O
SR. ANTÔNIO CESA LONGO: Estimada
Presidenta da Mesa, demais componentes, Srs. Vereadores, demais participantes
desta Audiência Pública, nós, em nome dos supermercados, vimos até aqui nos
manifestar a respeito de um problema de todos os brasileiros: a segurança. Nós
estamos, aqui, não defendendo os interesses dos supermercados, mas, sim, o
interesse de toda a população; nos solidarizamos com a família Cupini, nos
solidarizamos com os trabalhadores e com os Vereadores, com o autor deste Projeto,
o Professor Garcia, pela preocupação que existe com a nossa segurança.
A
nossa entidade quer participar, quer trazer sugestões; ela está à disposição
dos Vereadores para sugerir alterações na Emenda do hoje Deputado Raul Carrion,
ou seja, com algumas modificações, e apoiamos também qualquer medida que venha
melhorar a questão de segurança, como a do próprio Professor Garcia, em
alterações deste Projeto. A nossa entidade, quanto ao transporte de valores, com
todas as pessoas que usaram a tribuna e com os componentes da Mesa nós
concordamos. Todos têm razão, e as coisas evoluem. Hoje, os supermercados, os shopping
centers, como se falou, trabalham
24 horas, há estabelecimentos que fecham às 22h. Até nós solicitamos ao
representante da ABTV, porque, se não me engano, existe uma Lei do IRB que não
permite carro-forte após às 20h, ou seja, os supermercados recebem visitas até
às 18h, os supermercados do Interior. É necessária a discussão de uma alteração
nesse horário, ou seja, uma ampliação desse horário de recolhimento, lembrando
que o não-recolhimento, como se falou, vai aumentar o número de mortes de
comerciantes, como já ocorre há muitos anos. Muitos comerciantes são mortos por
assaltantes; nós tememos o aumento da segurança armada informal nos estabelecimentos;
isto ocasionaria um risco muito maior. Somos favoráveis a mais policiamento nas
ruas e nos colocamos à disposição da Câmara dos Vereadores para uma campanha
educativa para as pessoas permanecerem distantes dos carros-fortes no momento
do abastecimento, já que, hoje, é um risco ficar próximo de um carro-forte,
inclusive na rodovia. Muitas pessoas já morreram em ataques a carros-fortes na
rodovia. Hoje, os transeuntes que passam perto dos carros-fortes correm risco.
Na estrada, se você está atrás de um carro-forte, corre o risco de ser
abalroado por um caminhão em sentido contrário. Nós estamos à disposição.
Queremos mais segurança para todos, e nos solidarizamos com a família Cupini.
Agradecemos a participação e estamos ao dispor de todos. Obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): Obrigada.
O Ver. Ervino Besson está com a palavra.
O SR. ERVINO BESSON: Eu quero
saudar a nossa querida Presidenta, Ver.ª Maria Celeste, e em seu nome quero
saudar a todas as pessoas já citadas que compõem a Mesa; saúdo meus queridos
colegas Vereadores e Vereadoras; as pessoas que os acompanham nas galerias. Com
muita dor, muita tristeza, quero saudar o pai e os familiares da Cristiana. Que
Deus a tenha lá no céu. Acho que não há dor maior, para um pai e uma mãe, do
que perder uma filha.
Meu caro Ver. Carlos Alberto Garcia, acho que tudo
o que foi dito hoje aqui – por outros
Vereadores, entidades - é de uma extrema importância para que possamos
juntos... Acho que o representante da UAMPA falou de uma forma muito clara a
respeito do que anda acontecendo na nossa Cidade, da nossa insegurança. Nós
sabemos, sim, da nossa responsabilidade porque somos, aqui, 36 Vereadores e
Vereadoras que fomos eleitos democraticamente por uma parcela da população da
cidade de Porto Alegre. Nós temos a responsabilidade de representar aqui a
Capital do nosso Estado. Olha, gente... Poderíamos dizer tantas coisas, hoje,
aqui, em relação à insegurança que estamos vivendo hoje. Acho que a abertura
desta discussão aqui na Casa – não é só hoje -, dificilmente passa uma semana
aqui em que um Vereador, uma Vereadora não chegue a esta tribuna e fale do que
anda acontecendo com relação à nossa segurança.
Nós temos os funcionários aqui, que trabalham... Eu
conheço um dos que foram baleados, que Deus o recupere - pois está no hospital
com uma bala no corpo - dessa tragédia do dia em que a nossa querida Cristina
partiu; são momentos de tristeza como este.
Agora, o que nós temos que fazer, sim, de uma forma
bastante clara, de uma forma muito responsável, meus queridos representantes
presentes aqui da Polícia Civil, da Polícia Federal, da própria Brigada
Militar; acho que juntos, nós, sociedade organizada, Secretaria de Segurança,
Poder Judiciário, parlamentares, sentarmos juntos, sim, e discutirmos de uma
forma clara, de uma forma responsável o que anda acontecendo com a nossa
Segurança. Nós vamos sair daqui a pouco e vamos nos dirigir para nossas
residências. Será? Poderemos, amanhã, estar lamentando a morte de um de nós.
Com relação a este Projeto do Ver. Professor
Garcia, nós vamos ampliar essa discussão, sim. Vamos discutir este Projeto de
uma forma muito profunda, vamos ouvir todos os segmentos. Nós já conhecemos, em
grande parte, a opinião de vocês. Agora,
acabou esta Audiência Pública, amanhã nós vamos esquecer? Não. Nós vamos
dar seguimento a esta discussão. Não vou dizer que, aqui, vamos criar um
milagre e que amanhã não vai acontecer mais nada. Não, não é isso. Nós vamos
discutir com muita profundidade, com muita responsabilidade, para que nós
possamos - não vou dizer resolver o problema da nossa segurança -, pelo menos,
sim, traçar um caminho. Eu sinto pelos familiares, pelos amigos da Cristiana.
Agora, vamos ver o outro lado: como se sente esse pessoal que trabalha nesse
transporte de valores? Eles têm família, eles sentem dor como nós sentimos dor.
Sinceramente, eles não sabem o que pode acontecer a qualquer momento. Eles
estão aí para sustentar as suas famílias, também. Ver. Garcia, caros
Vereadores, nós vamos discutir, não vamos, hoje, parar nesta discussão. Vamos
dar seguimento, vamos discutir amplamente este Projeto com todos os segmentos
da sociedade, sentir o peso da sociedade, para que nós possamos, juntos, aqui,
não resolver, mas, pelo menos, amenizar o sofrimento dessas pessoas. Porque é
muito triste, muita dor, é muito grande o sofrimento dos familiares; e também é
difícil para os nossos queridos funcionários que trabalham, sustentando os seus
familiares. Muito obrigado. (Palmas.)
A SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): O Sr. Juberlei Bacelo, pelo Sindicato dos
Bancários de Porto Alegre, está com a
palavra.
O SR. JUBERLEI BACELO: Boa-noite,
Ver.ª Maria Celeste, Presidenta desta Casa;
boa-noite a todos os componentes da Mesa, Sras. e Srs. Vereadores,
representantes de entidades, trabalhadores em geral que hoje vêm a esta Casa.
Em nome do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre, nós ocupamos esta tribuna
diante de uma visão que há muito tempo nos move no sentido de intervir, sim,
nessa questão de segurança. Nós vimos vários falarem aqui que, na verdade,
trata-se, hoje, da falta de segurança pública que vivemos na nossa Cidade, no
nosso Estado e no nosso País. E, inclusive, se formos à raiz do problema, vamos
ver que se trata, sim, de um problema social, e talvez a origem esteja na falta
de emprego, na falta de saúde, de educação; pois muitas vezes o Estado não
consegue atender o povo. Isso também não significa que nós não tenhamos que
cobrar a responsabilidade de cada setor, quando nós discutirmos os mais
diversos temas. E é verdade que temos um problema de Segurança Pública. Agora,
também é verdade que o sistema financeiro hoje é uma atividade econômica que
atrai um risco muito grande; e é por isso que nós, bancários, há muito tempo
cobramos, por parte dos bancos, um investimento na área da segurança bancária;
e achamos, inclusive, que os bancos têm essa condição, até por se tratar de um
setor da economia amplamente privilegiado hoje, até porque, tem uma
rentabilidade que faz inveja a qualquer outro setor econômico em nosso País. Os
bancos alegam que investem, e, muitas vezes, o investimento deles prioriza a
segurança do seu patrimônio e não a segurança da vida. E eu gostaria de
parabenizar inclusive os bancos por estarem aqui hoje. O próprio Flávio Couto e
Silva, que veio aqui e interveio, porque é uma cobrança que há muito tempo
fazemos, que os bancos venham fazer este debate com o conjunto da sociedade,
para que cada um possa assumir a sua responsabilidade. E é por isso que
queremos aqui levantar, antes mesmo de entrar no mérito do Projeto de Lei, que
muitas vezes iniciativas – e este Parlamento tem sido parceiro em diversas leis
que aqui aprovamos, como a obrigatoriedade das portas-giratórias, ou hoje
aquela que exige que as agências bancárias tenham câmeras de vigilância, e
infelizmente os bancos não as cumprem. As portas-giratórias, é Lei, têm que
estar no acesso, antes da sala de auto-atendimento. Os bancos são multados pela
Prefeitura, mas mesmo assim não alteram, porque têm que gastar.
Hoje, somente as agências novas estão cumprindo,
porque a Prefeitura só dá o habite-se se a porta-giratória estiver no acesso.
Diz também na Lei que o vidro tem que ser à prova de bala e que a fachada tem
que ser similar. Mas, nós vemos hoje os assaltantes ingressarem na agência bancária
com uma marreta, com um extintor, e os bancos não querem fazer o gasto
necessário.
É por isso que estamos aqui hoje, para cobrar,
para aproveitar este momento, sim, de comoção. Não que devamos ser passionais
na hora de fazer este debate, e tenho certeza de que aqui ninguém está ou a
favor ou contra a vida, mas que possamos chegar numa resolução que de fato
venha a contribuir no sentido de nós corrigirmos a insegurança que se vive
hoje, não só no interior mas no entorno das agências bancárias.
E
aí gostaria de dizer que a gente tem feito um debate, sim, com a categoria
bancária, e existe uma grande preocupação em relação a essa questão da
delimitação do horário. Em relação ao artigo que prevê a obrigatoriedade para
que se tenha um local adequado nas agências bancárias, para que se possa fazer
o recolhimento, a entrega dos valores, nós aprovamos, porque os bancos hoje
abrem agência em qualquer esquina, sem se preocupar com a segurança dos seus
trabalhadores e daqueles que vão se utilizar do sistema financeiro.
Em
relação ao horário, da forma que está colocado inclusive no Projeto de Lei, eu
gostaria de restringir para fora do atendimento ao público, eu gostaria de
citar o exemplo da infelicidade que foi a morte da Cristiana Cupini. Se nós
tivéssemos esta lei já em vigor hoje, ela não adiantaria nada, porque ela foi
assassinada em torno das 17 horas, e o horário de atendimento ao público dos
bancos é das 10h às 16h. Então, o que nós temos que dar um basta de fato é que
essa troca de valores não seja no meio das pessoas que circulam seja no
interior da agência, seja no interior da agência, seja no meio dos que estão
trabalhando. Evidentemente isso vai demandar mais custos para os bancos, porque
certamente vão ter que ter um local adequado que dê para estacionar o carro
forte, ter uma porta auxiliar, e nisso somos parceiros, como temos sido no
sentido de cobrar responsabilidade seja do Estado, que tem obrigação de nos
oferecer segurança, seja dos bancos, que têm capacidade financeira de fazer um
investimento maior para que a gente não continue, a cada ano que passa,
chorando a vida -, seja de usuários do sistema ou de bancários, porque muitos
colegas já se foram pelo descaso com que os bancos tratam este tema. Obrigado.
(Palmas.)
A SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): Com a palavra
o Ver. Carlos Comassetto.
O
SR. CARLOS COMASSETTO: Sra.
Presidenta, Ver.ª Maria Celeste, senhores componentes da Mesa, colegas
Vereadores e Vereadoras, comunidade aqui presente, trabalhadores da segurança,
que bom que está acontecendo este debate aqui nesta Casa. Esta é uma responsabilidade, sim, deste Legislativo Municipal,
trazer este debate e fazer com que possam ser encontradas soluções para os
conflitos existentes em nossa sociedade.
Como Presidente da
Comissão de Defesa do Consumidor, Segurança Urbana e Direitos Humanos aqui
desta Casa, do Legislativo de Porto Alegre, recebemos diariamente,
semanalmente, pedidos de socorro de conflitos por falta de segurança; recebemos
diariamente reclamações de problemas relacionados à estrutura do Estado
referente à segurança pública; recebemos diariamente, dos trabalhadores da
segurança, sejam eles da iniciativa privada, sejam eles da Brigada Militar, da
Polícia Civil, problemas relacionados à garantia da sua segurança de vida também no
trabalho que é executado diariamente.
Portanto, nós temos, sim, um conflito. E quero
externar aqui algumas opiniões deste Vereador sobre o tema: se nós queremos
construir uma cidade que a centralidade dela esteja na afirmação da urbanidade
e na afirmação da cidadania, alguns conflitos que são recorrentes e que colocam
em risco a vida seja de quem for, nós não podemos aceitar a continuidade dessa
lógica. E é isso que está colocado hoje para nossa responsabilidade aqui na
cidade de Porto Alegre.
Acho, sim, que é de responsabilidade desta Casa
tratar desses temas, assim como a Lei de autoria do Ver. Carrion, aprovada no
dia 19 de agosto de 2003, como a iniciativa do Professor Garcia de tratar do
assunto, e não de uma forma oportunista não, porque isso foi feito antes do
incidente. Agora, há uma questão muito clara: o direito de ir e vir é o direito
de ir e vir com segurança.
Eu quero externar aqui uma situação que acontece
todo o dia: vamos pegar a Rua 7 de Setembro, no final da tarde ou durante o
dia, todos nós já nos defrontamos com os carros-fortes estacionados ali na via
pública, com os senhores seguranças fazendo seus serviços armados e a população
andando, indo e vindo no meio. Não há como assegurarmos que ali vai ter a
continuidade da segurança de vida, se qualquer conflito se estabeleça.
Portanto, eu tenho uma opinião muito clara: sou
contra carro-forte no leito da rua recebendo esses valores e sendo trabalhados.
Sou contra! Eu passo todos os dias na Av. Teresópolis para deixar as minhas
filhinhas ali na Escola Infantil Olívia Palito e todos os dias o trânsito pára
porque tem um carro-forte que está estacionado em cima da via, em frente à
unidade Bradesco, atrapalhando também o trânsito. Esta é uma realidade da
Cidade.
Então,
senhores e senhoras, esse setor financeiro dos banqueiros, todos nós sabemos
que é o setor que mais tem acumulado recursos, ganhos reais neste País. Vamos
assumir o compromisso público de resolver esse problema da Cidade e
imediatamente aplicar a legislação que já existe, a legislação, nem foi
aprovada na nossa Legislatura, foi na passada, que diz que cada instituição com
mais de mil metros quadrados tem que ter a sua estrutura interna própria para
carga e descarga desses recursos. Será que nós já não vamos estar resolvendo
grande parte desse problema? Portanto, eu me alio aqui aos Vereadores e
Vereadoras que trouxeram aqui para esta Casa que nós temos que enfrentar esse
tema, não com demagogia, não com vaias, temos que enfrentá-lo para resolver o
problema.
Para concluir, Sra. Presidenta, quero dizer
que a nossa Comissão, com os Vereadores, que é plural, nós já organizamos,
temos agora, para o dia 24 de agosto, um Seminário para tratar dos postos de
saúde e da Segurança, porque lá nos postos de saúde falta estrutura pública, e
lá estão sendo assaltados médicos, sendo roubadas as farmácias, as pessoas nas
filas estão sendo assaltadas na madrugada. Portanto, a Segurança Pública, para
mim, prioritariamente, tem que estar lá nas comunidades, protegendo aqueles que
realmente precisam. No mês de setembro, dia 14, temos outro Seminário, com a
estrutura da Segurança do Estado, aqui na Mesa, que é “As escolas e a
Segurança”. As escolas foram largamente assaltadas neste ano, roubam merendas,
roubam fichas, roubam equipamentos, e lá não está a Segurança Pública. Por
último, em outubro, com a presença do Ministério da Justiça, estaremos
discutindo esse Programa de Integração, em nível Federal, Estadual e Municipal
da Segurança. Mas entendo que esse tema, relacionado aos valores, nós podemos
percorrer essa agenda rapidamente, trazendo os setores que aqui estão para já
aplicar o que existe na legislação e retirar os carros-fortes das ruas, no que
diz respeito à sua utilização hoje. Já estaremos tendo um avanço, segurança
para aos senhores que trabalham na guarda, e segurança para nós da população,
que somos transeuntes no dia-a-dia, no ir-e-vir, ficaremos todos com a
possibilidade de não morrer. E nós hoje temos que fazer uma reflexão, dia 6 de
agosto, 62 anos que largaram uma bomba sobre Hiroshima. Então, queremos uma
cultura e uma sociedade da paz, e não uma sociedade da violência. E os setores
que aqui estão são responsáveis junto
conosco por esse tema. Muito obrigado, Sra. Presidenta. (Palmas.)
A
SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): Obrigada,
Vereador.
O
Sr. Antonio Carlos Pires de Ávila, do Sindicato dos Empregados em Empresas de
Transporte de Valores do Rio Grande do Sul, está com a palavra.
O SR. ANTONIO CARLOS PIRES DE ÁVILA: Boa-noite,
Sra. Presidenta, demais membros da Mesa, Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores,
senhoras e senhores, eu quero deixar claro aqui, como representante dos
trabalhadores em transportes de valores, que nós, mais do que ninguém, temos
amor à vida, preservamos a vida e queremos a vida acima de tudo. Lamentamos o
fato que aconteceu com essa menina no Unibanco. E, pelo o que o nobre Vereador
disse agora, a bomba de Hiroshima foi culpa do transporte de valores. Proíba-se
o transporte de valores lá. Houve morte num ônibus ontem. Proíba-se o
transporte de valores perto de ônibus. Lá, numa praça no Sarandi,
vergonhosamente, caiu um poste de madeira na cabeça de uma menina de seis anos,
pobre. Não é política. Não pertence a Partido político nenhum nem aos
diretórios municipais. Não pertence! Ninguém foi em defesa dela. Mas, lá também
naquela praça, proíba-se também o transporte de valores. Então vão prejudicar,
com essa nefasta lei de pessoas que fizeram essa lei, que não perguntaram para
quem conhece por dentro o transporte de valores. O senhor fez com interesse
único e exclusivo político e emocional. Já me disseram os seus colegas. O
senhor está eleito no ano que vem? Não está não. Nós, transportadores, estamos
aqui para combater esse tipo de política. Nós queremos paz e segurança para o
transporte de valores no Estado. (Manifestações nas galerias.) Essa menina que
faleceu, a arma que a matou, o projétil que a matou não foi das nossas mãos que
saiu; foi das mãos e armas de marginais, fuzil pertencente às Forças Armadas.
Como essa arma foi parar nas mãos desse marginal? Por que o Estado não dá segurança
para nós, cidadãos deste Estado? Querem proibir o transporte de valores
passando para madrugada, à noite? Para arriscarmos mais ainda as nossas peles?
Oito mortos do transporte de valores. Nós também choramos a morte deles, mas
nós somos profissionais; nós não somos políticos. Nós trabalhamos no
transportes de valores, somos treinados, tem de ter diploma para trabalhar
nesse ramo. Somos preparados em tudo. O que nos falta, como na Policia Civil e
Brigada Militar, são armas mais fortes. Mas tirem das mãos dos marginais esses
fuzis, essas armas potentes, para que eles, de igual para igual, venham nos enfrentar. Nós defendemos, sim, a vida.
Somos a favor da vida, mas
somos contra que, num momento de emoção, pessoas de diretórios municipais, de
partidos políticos, usem isso para fazer política às custas da morte de uma
menina; morte essa que nós lamentamos muito, pois nós também temos filhos.
Portanto, senhoras e senhores, pensem muito no que vocês vão fazer. O
transporte de valores existe desde 1859. Não existe, Vereador, em país nenhum,
o transporte que não seja em horário comercial! Os bancos têm lá os seus caixas
24 horas, porque é lá que está o povo. Eles vão colocar os caixas aonde? Lá na
ilha? Não vão, eles vão colocar onde está o povo. O que nós temos que ter? Mais
segurança. O que nós podemos fazer é melhorar o seu Projeto. Nós não somos
totalmente contra o seu Projeto. O que nós poderemos fazer é melhorar o seu
Projeto, fazer alguma coisa em conjunto, desde que nós sejamos ouvidos,
Vereador. Era isso o que eu queria falar. Muito obrigado.
(Manifestações
nas galerias.)
A SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): Eu solicito, senhoras e senhores, muita
calma. Nós estamos debatendo um Projeto, nós sabemos da emocionalidade do
aspecto que nos leva neste momento, mas queremos ter a tranqüilidade para irmos
até o fim e ouvirmos todos os pronunciamentos sobre este Projeto.
O
Ver. Bernardino Vendruscolo está com a palavra.
O SR. BERNARDINO VENDRUSCOLO: Sra. Presidenta, Sras. Vereadoras e Srs.
Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) O bom de um
discurso de qualquer Parlamentar é quando o discurso é aplaudido. É isso o que
a gente sabe. Mas eu tenho uma preocupação: é com a minha consciência,
independente de ser vaiado. Quando falo convicto, falo com o coração, durmo
melhor, e assim sempre tenho feito. Dessa forma, eu gostaria de não sair em
defesa, mas de fazer um registro: tem que ser respeitado o nosso companheiro
Ver. Professor Garcia por ter protocolado o Projeto anteriormente a esse acidente
– uma Emenda a uma Lei já existente. Então, só em respeito a isso. Aqui falaram
e eu quero acompanhar, o correto seria se nós pudéssemos discutir com toda a
sociedade os nossos Projetos. Eu mesmo recuei num Projeto – o Projeto das
Caçambas -, eu o reconstruí, porque me pediram. Então, é comum. E eu não estou
vendo aqui nenhuma resistência do Ver. Professor Garcia ou dos demais
Vereadores desta Casa em participar da reavaliação da sua proposta.
Já
foi dito tanta coisa que não precisamos aqui ser repetitivos. Todos nós sabemos
o quanto é constrangedor caminhar entre ou próximo a pessoas armadas, tanto
para quem faz segurança como para quem está caminhando. Todos nós temos essa
consciência, ao menos pelo que foi dito aqui, e nós sabemos, no dia-a-dia, bem disse
o Ver. Comassetto e tantos outros, o quanto isso é constrangedor, é
desconfortável para nós. Precisamos resolver, e já se encaminha para que nós
possamos resolver isso em conjunto, respeitando a iniciativa do Vereador.
Eu
gostaria aqui, Ver. Professor Garcia, e demais presentes, de fazer uma leitura
do Projeto já existente, do porquê não podemos fazer uma lei e propô-la de
maneira radical: ela acaba não sendo aplicada. E talvez seja por isso que essa
Lei, de 2003, não foi aplicada, Sra. Presidenta. Vou fazer uma leitura, claro,
todos conhecem, mas vamos fazer uma reflexão (Lê.): “Art. 1º. Os prédios onde
funcionem shopping centers, casas e lojas comerciais com mais de mil
metros quadrados (...), instituições financeiras ou de fomento devem possuir
acesso físico próprio para o fim de entrada e saída dos responsáveis pelo
serviço de transporte de valores. Art. 2º. [é aqui que me preocupa] Para o
cumprimento do disposto nesta Lei Complementar, os estabelecimentos referidos
no art. 1º terão prazo de 180 dias para executar as obras e adaptações
necessárias”. Por favor, aqui não quero sair em defesa dos bancos, não! Só
quero falar aquilo que nós sabemos, até porque isso eu conheço, sou do ramo
imobiliário, fui vigilante por oito anos e fui soldado por três anos, portanto
trabalhei armado onze anos, conheço! Os bancos, a maioria das agências bancárias
trabalham com prédios locados, portanto não se mexe num prédio locado do dia
para a noite. Então, quando uma lei vem com essa rigidez, acaba acontecendo o
que aconteceu. Seis meses é muito pouco tempo para se adequar, porque necessita
de obras de infra-estrutura, e muitas vezes obras grandes, porque tem-se que
alterar toda a estrutura dos prédios. Alguns casos poderão ser mais fáceis, mas
muitos dependem da alteração da própria estrutura do prédio.
Então permitam-me dizer que, se essa Lei não foi
aplicada - claro que poderiam ter ajeitado isso, claro que poderiam ter
resolvido -, uma das coisas que certamente pode ter levado a isso foi a sua
rigidez dando prazo de seis meses. E eu
vou concordar que aqueles que poderiam ter consertado, ter aplicado, ter
dado condições para que ela entrasse em vigor, dormiram. Nosso sentimentos por
isso tudo.
E eu só reforço aqui e quero fazer um registro: a
Bancada do PMDB é composta por quatro Vereadores, e os quatro estão aqui
acompanhando este debate, esta Audiência Pública. E certamente nós nos
somaremos para a construção de um Projeto que atenda a todos. Muito obrigado,
Sra. Presidente.
A SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): O Sr. Maurício
Melo, representando a Sociedade Ervino de Assis, está com a palavra.
O SR. MAURÍCIO MELO: Boa-noite,
Sra. Presidenta; ao cumprimentar a senhora, cumprimento a Mesa e também o
Professor Garcia, os demais Vereadores, senhoras e senhores que nos acompanham
hoje. Primeiramente quero dizer que sou Vice-Presidente da Sociedade Ervino de
Assis e Conselheiro do Orçamento Participativo da cidade de Porto Alegre, que
representa também 90% das associações das comunidades de Porto Alegre. Quero
dizer que Direitos Humanos não existem para nós, existem só para bandidos na
nossa Cidade. Direitos Humanos, no nosso País, também só existem para bandidos.
Quando tem um bandido sendo espancado, lá está o Direitos Humanos. Quando tem
alguém sendo morto, ameaçado, vigilantes sendo ameaçados, cadê o Direitos
Humanos? Seus representantes não se fazem presentes. Eu acho que hoje aqui está sendo discutida uma ação, um
Projeto de Lei. Os Vereadores desta Casa, que com certeza têm experiência,
muitos aí disseram que já foram vigilantes, outro do meio social, e vários
segmentos, têm que discutir este Projeto, sim, e a porta desta Casa foi aberta
para isso, não cabe a nós aqui estarmos discutindo. Eu acho que todos nós
estamos falando de um objetivo só, que é a nossa vida, em primeiro lugar a
nossa segurança. O bem maior a ser preservado somos nós, seres humanos, não
temos que aqui só pensar no dinheiro. Isso aqui também não é só um ato da
família Cupini, que sofreu essa tragédia, mas, como esse fato é o mais recente,
a gente pega como exemplo, o que a gente não quer para os nossos filhos, o que
a gente não quer para nós. Nós, da sociedade, não queremos estar no centro da
Cidade nos deparando com vigilantes. Claro que eles têm de cuidar deles mesmos,
primeiramente, e do patrimônio que carregam, mas muitas vezes não estão
respeitando o nosso direito de ir e vir, nós estamos tendo que desviar. Eu, por
exemplo, desvio muitas vezes para não ter um conflito desses, e aí tem um
Projeto de Lei em que há pessoas que se omitem, que é a questão da Prefeitura,
que tem um Projeto dos próprios Vereadores que diz que tem que existir lugares
adequados, separadamente da sociedade, para os transportes de valores. A
Brigada Militar, a Polícia Civil e o Exército, que está lá só para ficar
comendo o dia todo, dormindo, indo a campo, fica fácil... Agora, eu acho que a
Brigada Militar e a Polícia Civil têm que fazer o que estava sendo feito no
dia-a-dia, pegar dois cones... A Brigada Militar não pegar e botar uma barreira
num único lugar onde o ladrão sabe que ali vai ter barreira diariamente e tem
que estar desviando... A Brigada Militar, junto com a Polícia Civil, e até
mesmo o Exército, tem que fazer barreiras em vários locais da Cidade, entrando
inclusive nos ônibus, nas lotações, porque não dá para ficar mostrando onde é
que está a barreira para os delinqüentes e os bandidos desviarem. Então, todos
nós aqui estamos correndo risco de vida, e aí não adianta disputar o que
aconteceu. Eu acho que tem que, sim, sentarem agora os bancários, as pessoas
das lotéricas, da AGAS, do Sindicato dos Comerciários, várias lojas, vir aqui
para este Fórum para discutir. Esta é uma Audiência Pública para ser discutido
o que se pode melhorar na nossa Cidade. O Professor Garcia como disse aqui, o
Vereador que antecedeu, este Projeto não aconteceu agora, porque ocorreu este
desastre. Não, isso vem sendo discutido desde 2003, na qual o Professor Garcia
protocolou, nesta Casa, essa discussão, antes mesmo de acontecer. E fica fácil para nós falarmos da vida dos
outros, por exemplo, o que aconteceu com esta família. Agora, vamos pensar se
acontecesse com um filho nosso. Eu já tive a dor de perder uma filha, de 11
anos, na praia de Magistério, soterrada nos colmos de areia. Perdi uma filha,
como o companheiro da UAMPA, dirigente da UAMPA, que trabalha em prol desta
Cidade há anos, para melhorar conquistas. Imaginem se um de nós perdesse em um
confronto desses, do poder do dinheiro contra os bandidos, um pai de família,
que os seus filhos dependem dele, e aquela pessoa falecesse. O que será dos
filhos dessa pessoa? Então, fica complicado.
Nós
temos que vir para cá e discutir, sim. Temos que discutir que tem que ter um
local apropriado para os carros-fortes, para que eles tenham segurança própria,
mas também que se tenha segurança para nós, da sociedade, principalmente no
Centro da Cidade, que é o que está acontecendo. Nós nos defrontamos com
armamentos, onde os nossos filhos perguntam: “Pai, por que ele está com a arma?
Ele é bandido?” Não ele não é bandido, ele está defendendo a vida dele, o
dinheiro. Mas está brabo, porque na hora de pico, quando há mais pessoas, no
Centro da Cidade, querendo pegar ônibus, estão ali se defrontando com o
problema que são os vigilantes. Não é um problema, é o serviço de vocês, e
vocês têm que preservar, em primeiro lugar, a vida de vocês, com certeza, e
também a nossa. Estamos todos falando a mesma linguagem: preservação da vida
humana. Se deixarmos do jeito que está hoje e não arrumarmos a nossa Cidade,
com certeza, daqui a pouco, ela estará como o Rio de Janeiro, sendo tomada por
bandidos. Obrigado.
A
SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste):
A Ver.ª Sofia Cavedon está com a palavra.
A
SRA. SOFIA CAVEDON: Boa
noite a todos. Cumprimentando a nossa Presidenta, Ver.ª Maria Celeste,
cumprimento as autoridades; cumprimentando a família Cupini,
cumprimento todos os cidadãos, todas as cidadãs aqui presentes. Difícil
posicionar-me num tema como este, eu, Vereadora que conheço um pouco mais de
Educação. Mas não seria possível nós nos omitirmos, pela responsabilidade que
temos diante de uma situação tão grave como a segurança pública.
Eu quero aqui registrar que a Cristiana é uma
vítima da barbárie. E eu cada vez estou mais convencida, socialista que sou, de
que Rosa Luxemburgo, no início do século passado tinha razão: “socialismo ou
barbárie”. E nós temos que entender que nós perdemos a luta pela vida neste
País profundamente desigual e capitalista. Não só neste País, mas falemos do
nosso País, um País onde as leis
preservam o capital e não a vida, um País onde acima de tudo está a
concentração de terra, de poder, de renda, onde estão os over, os
estratosféricos lucros. Todos nós seremos perdedores na luta pela vida. E eu
quero registrar aqui que a indignação dos pais, dos irmãos, dos amigos da
Cristiana é uma indignação que tem que fazer com que a gente aprenda. A gente
tem naturalizado a morte e a barbárie, porque todo dia morrem jovens em função
do lucro, em função da profunda desigualdade social. Morre jovem, morrem
meninas, morrem donas-de-casa, morrem
de forma besta todas as pessoas. Nós perdemos, nós estamos nos cercando - essa
é a primeira questão! Nós não vamos aqui encontrar uma solução mágica porque
“não caiu a ficha” da sociedade brasileira, não “caiu a ficha” dos bancos. E eu
digo, como o Juberlei disse: que bom que os bancos vêm discutir, porque nós
vamos precisar abrir mão, sim, de um pouquinho de lucro para poder construir
segurança, para poder construir paz neste País.
Eu, como educadora, aprendi que para construir
segurança nas escolas, por exemplo, a gente precisa construir uma nova cultura,
é verdade, plantar por um período mais longo. Mas nós precisamos ouvir todos os
envolvidos. Eu aprendi muito com o Guarda Municipal, lá na Escola Municipal,
quando fui Secretária Adjunta, quando fui Secretária; eu não entendo de
Segurança. Esses dias, organizando uma reunião, Ver.ª Celeste, em Petrópolis,
porque assaltam na frente da minha casa na farmácia, assaltam na padaria,
assaltam, as pessoas morrem na rua, a gente aprendeu com os guardas que
sentaram conosco, que disseram. Então, existe um conhecimento construído, nós
temos que dar um basta, é a omissão, muitas vezes, dos órgãos de Segurança, tem
que dar um basta, Ver. Garcia, e eu me somo à fala de todos que disseram: há
Lei e não é cumprida. Se a Lei fosse cumprida, não ocorreria, pois a informação
que eu ouvi aqui de alguns bancários de que há bancos que têm local específico
para entrar carro-forte e não utilizam, porque vão gastar muito tempo. Têm
bancos que poderiam ter feito um local específico, porque também acho que não
dá para conviver o transporte de valores, a metralhadora, a segurança na rua,
com o cidadão. Nós temos que construir, enquanto não mudamos esta situação
neste País, situações que atenuem.
E eu, como educadora, e não especialista, não sei se esse horário ajuda. Estou escutando para
poder ajudar e contribuir no processo, sim, o que temos que fazer para atenuar
o problema da morte. A gente discutia, esta semana, sobre a pena de morte, aqui
na Câmara, e eu dizia que existe pena de morte no Brasil, há pena de pena de
morte no Brasil, está decretada a morte no Brasil, para proteger os valores do
capital. E eu sei o que significam os trabalhadores de transporte de valores,
são trabalhadores que precisam ganhar a vida e têm que ser protegidos, acho que
não há solução simples. Agora, o compromisso de todos para que cada um assuma a
sua responsabilidade tem que ser assumido por esta Casa. A fiscalização, Ver.
Garcia, de fato, no dia-a-dia, o Município de Porto Alegre deve fechar os
bancos que não cumprem questões simples como os portadores de necessidades
especiais que não chegam aos caixas, porque os bancos não adaptam o espaço. Na
verdade, há uma omissão que podia estar evitando mais mortes neste País e nesta
Cidade.
Então, a minha contribuição, a minha posição, que é
de indignação, e que é a posição de vocês, de gritar, de se indignar, porque
não dá para continuar a banalização da vida. A minha posição, Ver. Garcia, é
que a gente veja a melhor maneira de melhorar a Lei existente, mas principalmente
que amanhã a gente se reúna com o Prefeito, com o Governador, porque há medidas
possíveis: um pouquinho menos de lucro é possível para proteger a vida. Então,
contem comigo nesse sentido; para soluções fáceis não existe, é socialismo ou
barbárie.
A SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): O Sr. Paulo
Roberto Barck, representante
da União Geral dos Trabalhadores, está com a palavra.
O
SR. PAULO ROBERTO BARCK: Ver.ª
Maria Celeste, Presidenta desta Casa; em seu nome quero cumprimentar também as
autoridades presentes à Mesa; meus caros Vereadores e Vereadoras de Porto
Alegre; cidadãos que hoje vieram assistir esta Audiência Pública, e, de modo
especial, Presidenta, os trabalhadores que trabalharam hoje o dia inteiro,
passando das 18 horas, e vieram aqui, deixaram as suas famílias para vir aqui
prestar a sua colaboração nesta Audiência Pública.
Não
posso deixar de me solidarizar com a mãe de uma jovem morta, como diz a Ver.ª
Sofia Cavedon, nessa barbárie. Não posso deixar de esquecer isso, como pai, o
quanto faz falta um filho, principalmente em uma hora dessas ou em uma ocasião
como foi o caso da Cristiana.
Mas,
cara Presidenta, nobres Vereadores, caro amigo, Professor Garcia, algumas
coisas têm de ser ditas aqui, na Audiência Pública, que é o fórum para a gente
trazer sugestões da sociedade. Os trabalhadores dos transportes de valores
atendem, Presidenta, dois mil e trezentos postos de distribuição de dinheiro
diariamente em Porto Alegre, somente na nossa Capital. Já foram vitimados, meus
caros amigos - já foi dito, mas não custa repetir -, vários companheiros do
transporte de valores, vários cidadãos que não tinham nada a ver com a
situação, com o trabalho que estava acontecendo.
Mas,
meu caro Ver. Professor Garcia, jogar tudo isso para fora do expediente
bancário merece uma discussão um pouquinho mais ampla, na nossa opinião. Eu sei
que o senhor vai dizer: “Não, não estou jogando”. Mas, infelizmente, essa vai
ser a realidade, Vereador. Se já existe uma Lei que não é cumprida, se foi
sancionada, ou não foi, cabe aos nossos nobres Edis aqui discutir e fazê-la ser
cumprida. Agora, nós não podemos jogar com a vida de todos esses trabalhadores,
respeitando a cidadania e sempre pensando na cidadania, jogar com a vida desses
trabalhadores em um horário em que o próprio efetivo da Segurança Pública não
dá conta mais. Um velho ditado, Ver. Professor Garcia: “à noite, todos os gatos
são pardos”. Quem eu vou saber se é bandido ou não é bandido. Portanto, nós, da
classe trabalhadora, queremos que essa Lei seja discutida, até a própria Lei do
companheiro Carrion tem de ser melhor discutida. Com muita propriedade o Ver.
Vendruscolo falou aqui: “Toda radicalidade pode não ter efeito”, tem de ser
discutida. Eu não sei se foi uma conseqüência da discussão para essa Lei do
companheiro Carrion, mas eu me lembro, alguns anos atrás, os Bancos começaram a
vender seus prédios com contrato de locação garantido. Muita propriedade, Ver.
Vendruscolo. Como desmanchar paredes se o prédio não é meu?
Quero
com isso, Presidenta, ajudar a sociedade, a Câmara dos Vereadores, a abrir este
fórum com grande propriedade. A Presidenta, na sua gestão, está presidindo esta
Audiência Pública, em que a comunidade pode trazer várias sugestões.
Quero
me solidarizar também com os companheiros vigilantes, mortos em ação, e com
aqueles que ainda se encontram feridos. Nunca esquecendo, quero dizer, de forma
bem fraterna, a família Cupini, que nós trabalhadores, principalmente os
trabalhadores do transporte de valores, somos solidários com a morte ocorrida,
mas queremos – o próprio Cupini, já conversamos antes, ele é solidário – que
também tem de ser melhor discutida essa proposição do Ver. Professor Garcia.
Muito obrigado. (Palmas.)
A
SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): O
Sr. Ademir José Wiederkehr, do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre, está
com a palavra.
O
SR. ADEMIR JOSÉ WIEDERKEHR: Ver.ª
Maria Celeste, demais Vereadores e Vereadoras aqui presentes, quero saudar
também os colegas do Sindicato dos Bancários, da Federação dos Bancários, do
Sindicato dos Vigilantes, do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte de
Valores; senhoras e senhores aqui presentes, eu quero começar elogiando esse
movimento que está sendo feito pelos familiares da Cristiana Cupini. Eu estive
lá, como muitos bancários, naquela caminhada, naquele final de tarde, com a
chuva ameaçando cair, e nós fizemos aquela caminhada, começando esse processo
de chamar a atenção da sociedade para esta tragédia que comoveu cada um de nós,
aqui. E me parece que isso nós precisamos fazer cada vez que acontece uma morte
como essa. Não é possível que a sociedade fique insensível diante do
valor da vida, quando o dinheiro é colocado em primeiro lugar, e não a vida.
Por isso essa mobilização precisa despertar, em cada um de nós, medidas
concretas para que a gente possa impedir outras tragédias como essa.
Eu
quero dizer para o Sérgio Cupini, com quem converso, seguidamente, eu quero
dizer que nós, bancários, há muitos anos vimos lutando para que tenhamos mais
segurança. Já em 1994 era aprovada, aqui, a Lei que obriga a colocação das
portas giratórias e que muitos bancos não cumprem, porque a Lei é clara: a
porta tem que estar em todos os locais de acesso ao público, e a maioria dos
bancos burla a Lei, quando coloca a porta depois do auto-atendimento. Por isso
eu quero dizer para os familiares da Cristiana que a questão da segurança é
muito ampla, muito complexa, ela não envolve apenas o transporte de valores,
ela envolve a segurança dentro da agência e fora da agência. Nós precisamos ter segurança
também fora da agência. Mais segurança pública. Nós, hoje, percebemos que
faltam policiais, faltam viaturas nas ruas, isto também faz com que nós
tenhamos mais ataques a bancos. Vejam só, neste ano de 2007, no Rio Grande do
Sul, nós já tivemos 92 ataques a banco. Noventa e dois! Tivemos a morte da
Cristiana em Porto Alegre; tivemos a morte do Vice-Prefeito de Bom Jesus, que
era bancário; do Diretor do Sindicato dos Bancários de Vacaria, Leonardo
Silveira; tivemos outros que ficaram paralíticos, outros que ficaram
traumatizados. Por isso nós precisamos de um conjunto de medidas. Então, os
bancos têm de ter um local adequado para fazer o transporte de valores, e esta
Câmara, que logo vai votar, aqui, o Plano Diretor da Cidade, tem essa tarefa de
fazer com que os bancos tenham locais adequados para atender a população. Não é
possível que os bancos abram uma agência como se fosse uma loja. Os bancos têm
de abrir agências com segurança. É isto que os trabalhadores, que os clientes,
que a sociedade exige do sistema financeiro, que lucra cada vez mais que tem
condições de fazer a sua parte dentro das agências.
Por isso, eu quero destacar, aqui, a necessidade
desse conjunto de medidas para que nós tenhamos mais segurança, porque não
adianta nós mudarmos o horário para fazer o transporte de valores; colocar isto
à noite ou colocar de madrugada, vai ser pior, principalmente para quem
trabalha no banco, como os bancários, os vigilantes, e para quem faz o
transporte de valores.
Nós precisamos, juntos, encontrar medidas para que
possamos colocar a vida em primeiro lugar. Por isso, façamos do exemplo de vida
que vocês ensinaram, da Cristiana, um exemplo para todos nós, para que nós
possamos cobrar dos bancos a sua responsabilidade social, para que nós possamos
cobrar dos Governos a sua responsabilidade com a segurança pública e para que a
gente possa fazer uma grande cruzada neste País para que tenhamos segurança. A
vida tem que estar acima do lucro. Obrigado. (Palmas.)
A SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): O Ver. Adeli
Sell está com a palavra.
O SR. ADELI SELL: Cara
Presidenta, Ver.ª Maria Celeste; autoridades já nominadas, cidadãos, cidadãs.
Há tempo me preocupo com questões de segurança pública e, para mim, a vida está
acima de qualquer coisa. Por isso, sempre me solidarizei e vou continuar me solidarizando
com vítimas da violência em qualquer lugar, em qualquer circunstância, porque a
vida, como diz o ditado, não tem preço.
Quando nós, muitas vezes, estamos diante de uma
tragédia, as ações que fazemos nem sempre são as mais corretas. Por isso, tenho
dito que nós, diante da tragédia, não podemos seguir os passos de Édipo,
arrancar as nossas vistas, nos cegarmos e não vermos a realidade, a realidade
como ela é. Nós precisamos enfrentar essa questão da insegurança em Porto
Alegre, no Estado e no País; mas não será com uma legislação como esta
proposta, meu caro Ver. Garcia.
Na Comissão, nós já discutimos; votei contra o
Parecer e vou continuar dizendo que esta Lei vai piorar a situação; vai piorar
porque o dinheiro acumulado em vários e vários estabelecimentos será o foco
principal dos ladrões, dos assaltantes, e, como estará diante de circulação de
pessoas, em conglomerados urbanos, o que acontecerá? Será muito mais fácil o
assaltante chegar, apontando armas para todo mundo, e roubar. E os carros-fortes,
que somente trabalharão em determinados horários, à noite? Sabemos que a
Secretaria de Segurança Pública já tem uma defasagem de muitos homens na
Brigada Militar e na Polícia, que tem equipamentos não tão adequados como
precisaria ter para enfrentar o crime organizado. Será colocada na frente da
fuzilaria, de armas de alto calibre, e vão acontecer mais e mais mortes. Será
mais fácil para fugir, porque o crime se torna muito mais fácil à noite.
Muitas indicações são colocadas nos momentos de
crise, quando acontece uma tragédia; mas nós, que somos legisladores aqui desta
Câmara, temos que ter a tranqüilidade, a serenidade de analisar todos os
pontos, os prós e os contras. Nós queremos, sim, segurança nas casas bancárias.
Sou autor de uma Lei que foi declarada constitucional pelo Supremo, em Brasília, que é referente às câmeras
de vídeo. Nós queremos que isso seja cumprido, como nós queremos, como disse o
Ademir, aqui, o cumprimento das portas giratórias. Nós queremos que, naqueles
locais onde tenha um conglomerado de casas bancárias tenha reforço de
policiamento, porque nós sabemos que elas são alvos fáceis.
Os
números foram colocados, há pouco, aqui, pelo Sindicato dos Bancários. Agora, o
que nós queremos é segurança pública efetiva em todos os níveis, em todas as
circunstâncias. E nós queremos que o transeunte, o cidadão, a cidadã, aquele
que vai ao banco, aquele que passa na frente de um banco e nada tem a ver com o
banco; aquele que trabalha no banco, o bancário, o que transporta valores, o
motorista, qualquer pessoa, tenha segurança em todos os momentos da sua vida. É
para isso que nós pagamos impostos, é para isso que nós temos que trabalhar.
Nós
temos que melhorar, sim, a legislação em vigor; nós temos, sim, que discutir o
que acontece com esses assaltos e com as pessoas que cometem esse tipo de
crime. Por isso, eu quero dizer que continuarei lutando pela vida, sempre!
Absolutamente sempre, mas não por uma legislação fácil, tacanha, obtusa, que
logo ali adiante vai causar mais e mais problemas para a população. Eu tenho
militado na defesa da Segurança Pública, estou convicto das minhas opiniões,
por isso eu não me escondo, coloco aqui, como colocarei em qualquer lugar as
minhas opiniões. Muito obrigado. (Palmas.)
A
SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): O
Sr. Evandro Vargas Santos, pelo Sindicato, Federação e Confederação dos
Vigilantes, está com a palavra.
O
SR. EVANDRO VARGAS SANTOS:
Ver.ª Maria Celeste, eu, cumprimentando a senhora, eu cumprimento os
integrantes da Mesa; Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores; senhoras e senhores
presentes nesta plenária tão importante.
Eu
ouvi, aqui, todas as defesas, prós e contras, e queria dizer que o Ver.
Professor Garcia está de parabéns. Primeiro, porque trouxe à tona um debate que
há muito tempo não se via sobre a questão da respeitabilidade da segurança
pública e privada neste nosso Estado e, também - por que não? - no nosso País.
O
meu mais profundo sentimento de respeito à família Cupini e, também, a um
companheiro vigilante, de Caxias do Sul, que também foi vítima de uma bala
perdida na noite passada. Tanta é a violência, mesmo no local de trabalho, que
não houve nenhum confronto com bandido ou delinqüente, e, assim mesmo, esse
trabalhador, que também é pai de família, acabou sendo vítima de uma
bala perdida.
Este
Projeto, muito embora a gente saiba que ele não vá resolver os problemas que
afrontam os trabalhadores em segurança privada, que afrontam as comunidades em
geral, pela falta de segurança, Ver.
Professor Garcia, é louvável a sua medida, porque isso trouxe o debate
para esta Câmara de Vereadores - a esta Casa, uma Casa tão importante, onde
vários Projetos na área de segurança foram aprovados; muitos deles são
cumpridos, mas a maioria deles descumpridos pela questão da ganância dos
banqueiros, que estão preocupados, principalmente em faturar. E o discurso
feito aqui foi bem claro, como a gente viu, quando o senhor Flávio Couto e
Silva, representando os bancos, quis atribuir à Segurança Pública toda a
responsabilidade da falta de investimento para poder evitar esse tipo de morte
como a da menina Cristiana, que foi vítima de um confronto dos trabalhadores de
segurança privada com a bandidagem, que está por aí solta. Penso que qualquer
Projeto que venha a ser feito para legislar sobre a questão de segurança, principalmente
em relação à questão de horários, no sentido de tirar os companheiros
vigilantes de valores da rua e colocá-los num determinado horário, acredito que
nós estaremos passando para um outro horário a questão da criminalidade, como
muitos oradores aqui, dos que me antecederam, falaram. Mas é necessário que
esse Projeto também venha com investimento da Segurança Pública, porque se não
houver investimento em Segurança Pública de nada adianta nós trocarmos de
horário do fornecimento e do abastecimento de dinheiro nas agências bancárias,
porque os delinqüentes continuarão soltos. Então, por isso nós temos que ter
realmente uma segurança preparada, como nós temos na área privada; e também
precisamos ter uma colaboração bastante grande dos órgãos de Segurança Pública,
para podermos evitar esse alto índice de criminalidade e que pessoas inocentes
acabem morrendo sem estar participando, ou sequer serem parte de um determinado
assalto, ou coisa parecida nesse aspecto, assim como esse trabalhador que foi
vítima, assim como a Cristiana, que também foi vítima.
Quero
dizer que nesses últimos anos, de 2004 até 2007, houve uma redução do número de
assaltos, porque em 2004 nós tivemos 11 assaltos a carros-fortes, e tivemos 3
companheiros mortos, dos carros-fortes; em 2005, nós tivemos 4 assaltos e
tivemos 2 vigilantes de valores mortos nesses assaltos; em 2006, nós tivemos 2
assaltos e 1 vigilante morto; e, agora em 2007, 2 tentativas de assalto, aqui
em Porto Alegre, aos carros-fortes, e, infelizmente, um dos assaltos acabou
vitimando a Cristiana, que faleceu nesse confronto; não por bala dos
vigilantes, mas disparada pelos delinqüentes. Então, há uma redução, mas,
infelizmente, os assaltos têm ocorrido com tanta violência que acabam
preocupando não só as pessoas comuns, mas nós, vigilantes, que andamos armados,
pois temos que andar todos os dias com aquela apreensão, porque não sabemos o
horário em que vai haver assalto.
Outro ponto que eu queria levantar aqui, que é
bastante importante, e eu acho que já existe um Projeto que vem mais ou menos
ao encontro, Vereador, que estabelece as regras para os bancos arrumarem as
urnas, que facilitam a segurança da população e dos próprios trabalhadores em
segurança privada. Isso é desde 2003. No final do governo anterior, início
deste governo, já havia esse regramento, e até agora, pelo que se sabe, das
agências que foram abertas ou das que já existem, nenhuma se preocupou com esse
mecanismo de segurança. Então, cabe a nós, e ao próprio Legislativo também,
começarmos a cobrar do Sr. Prefeito que faça cumprir essa legislação, para
evitarmos as mortes na nossa Capital. E por que não estender esse Projeto para
o Estado, para evitar mais mortes de pessoas inocentes que nada têm a ver com a
questão do capital? Muito obrigado. (Palmas.)
A
SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): Obrigada,
Sr. Evandro.
O
Sr. Waldir Bohn Gass, da Federação Gaúcha de Associações de Moradores, Fegam,
está com a palavra.
O
SR. WALDIR BOHN GASS: Ver.ª
Maria Celeste, coordenadora dos trabalhos; companheiro Sandro, da UAMPA; demais
integrantes da Mesa e pessoas que estão nesta plenária; primeiro, eu queria dar
os parabéns pelo debate - ele tem que acontecer muito. Quinta-feira, inclusive,
às 9 horas, boa parte dos membros do Conselho Municipal de Segurança estará numa
audiência nesta Casa – já tiveram uma audiência com a Presidenta -, na Comissão
de Direitos Humanos, exatamente para reclamar o debate em Porto Alegre sobre a
questão da segurança. Este é o desafio que está colocado. Nós temos que fazer o
debate. Por isso eu quero parabenizar o Sérgio Cupini, a Juliana, a Ana, todos
os amigos e pessoas próximas da companheira Cristiana. Nenhum sangue pode ser
derramado em vão! E não sê-lo-á se nós lutarmos, se nós não admitirmos que o
lucro ou outros tipos de interesse estejam acima da vida - por isso,
meus parabéns para vocês.
Evidentemente, não podemos aceitar que coloquem
trabalhadores e pessoas da população uns contra os outros, porque esse sistema
que apelidou de transporte de valores o transporte de dinheiro deveria facilitar
as nossas vidas, as trocas, que virou a
coisa mais essencial deste sistema podre; ele quer exatamente isso, que
briguemos entre nós mesmos, porque aí ele pode manter essa lógica da ganância e
da cobiça que vai matar vidas e mais vidas todos os dias.
Esta é a reflexão que quero fazer nesta minha
intervenção muito simples, muito direta, e conclamar a todos, pois esta luta
tem que continuar porque o sangue só não será derramado em vão se a gente lutar
e fizer com que ele nos indigne, e não só nos indigne, mas que nos leve
realmente a uma ação ousada, corajosa, inteligente, sim, que se construa na
reflexão, no debate, para encontrarmos saídas, que não são simples, mas são
necessárias e urgentes. (Palmas.)
A SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): Obrigada. O
Sr. Marco Antonio Kalikowski, do Sindicato dos Empresários Lotéricos, está com
a palavra.
O SR. MARCO
ANTONIO KALIKOWSKI: Boa-noite, Vereadora Presidenta da Casa; boa-noite
Vereadores aqui presentes; boa-noite senhoras e senhores. Estou aqui representando
os empresários lotéricos porque estamos ouvindo, com raras exceções, o pessoal
falar de bancos como se somente os bancos estivessem envolvidos na operação de
transporte de valores. Quero aqui dizer que os empresários lotéricos, hoje,
representam 70% de todas as contas pagas no Brasil. Nós já somos os maiores
pagadores de benefícios sociais, como o Bolsa Escola, Bolsa Família, Seguro
Desemprego, Fundo de Garantia, e pagamos também grande parte dos aposentados. E
só que o que ouvimos falar aqui sobre transporte de valor não está se aplicando
aos empresários lotéricos. O que vamos dizer àquele empresário que tem sua loja
na Av. Assis Brasil? O que vamos dizer àquele empresário lotérico que tem sua
loja na Av. Aparício Borges? O que a gente vai dizer àquele empresário lotérico
que tem a loja na Av. Protásio Alves, lá no Morro Santana, que a partir da
aprovação do Projeto de Lei, ele vai ser o encarregado de levar o dinheiro para
o banco? Ou ele vai ter que ficar com todo o valor na loja, ou vai depositar à
noite, ou ele vai ter que abrir à noite para o transporte de valor passar lá
recolher o dinheiro?
Com este Projeto de Lei, da forma
como está montado, nós não teremos recursos para todas as manhãs pagarmos os
aposentados; nós não teremos recursos para pagar o Seguro-Desemprego, PIS,
Fundo de Garantia; fazer os clientes da Caixa Econômica Federal e do Banco do
Brasil sacarem em nossas lojas. Com isso vamos estar obrigado toda a população
a se dirigir aos bancos, porque, certamente, eles vão ter condições de achar
soluções para esses problemas, não nós, pequenos empresários.
Quanto à Segurança, com este Projeto de Lei, o
fator surpresa muda de lado. Quando o transporte está com hora marcada, o
bandido sabe que hora deve visitar o comércio; toda a insegurança estará
concentrada fora do horário de expediente; 18h é o horário canal para se entrar
em qualquer estabelecimento comercial e realizar o assalto. Os bancos estão
fechados, o assaltante está saindo para a rua, em Porto Alegre já é noitinha,
como já disseram aqui, “à noite, todos os gatos são pardos”. Vão entrar no
primeiro estabelecimento comercial que, a essa hora já teria tirado os recursos
de dentro da loja, e vão assaltá-lo. A lotérica, após as 18h, é um alvo muito
mais fácil que qualquer carro-forte ao longo do dia, só que ela ainda está
aberta, ela ainda está com a população lá dentro e o próprio empresário e seus
funcionários também não deixam de fazer parte dessa população. Também tem o
lado social que eu queria falar. Houve uma fatalidade - a família está aqui
representando uma fatalidade que houve entre a população -, nós estamos
sentidos com o ocorrido, lamentamos muito o ocorrido. Nós não estamos aqui para
brigar e falar, e acredito que vocês também não. Vocês estão sempre a procura
do consenso, não estão aqui brigando, mas pela mudança da Lei. Vocês estão
brigando por mais segurança. Mas nos últimos anos, antes de termos transportes
de valores, nós também tivemos baixa; nós também éramos obrigados a levar todo
o dia o nosso dinheiro recolhido naquela 70% das contas pagas no Brasil para os
bancos. Nós tivemos baixas, nós tivemos nos últimos dois anos quatro pessoas
que faleceram. Se esse assunto não vai para a mídia, se esse assunto não vai para a
imprensa, é justamente para nós tentarmos melhorar nossa segurança, para que
não seja chamada tanto a atenção sobre esse caso. Mas ocorreram 4 mortes, ao
longo dos dois últimos anos, antes de a classe lotérica ter o seu transporte de
valor. Portanto, o que nós achamos é que com esse projeto, da forma como está
proposto, ele não atende aos fins que se propõe. Muito obrigado, boa noite.
(Palmas.)
A
SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): Obrigada,
Sr. Marco. Passamos agora para as considerações finais da Mesa, vamos iniciar
com o Sr. Marcos Emanuel Torres de Paiva, Presidente da Associação Brasileira
das Empresas de Transportes de Valores.
O
SR. MARCOS EMANUEL TORRES DE PAIVA: Sra.
Presidenta, acredito que essa Audiência Pública vem trazer ao conhecimento
desta Câmara, e dos que aqui estão participando, dados e fatos fundamentais e
esclarecedores da nossa atividade. As empresas de segurança privada, no
transporte de valores, temos contratos para serem cumpridos, temos leis para
serem obedecidas. Hoje estamos proibidos de fazer o transporte de valores a
partir das 20 horas. Falou-se aqui da possibilidade de uma prorrogação desse
horário, discordamos, o seguro pode cobrir o custo financeiro, mas não vai
trazer de volta a vida dos nossos transportadores de valores, que serão
sacrificados nesse horário. Entendemos como muito positiva a criação de um
grupo de trabalho, do qual desejamos participar. Quando essa lei, esse projeto
de lei, deverá ser estudado por todos os envolvidos desse seguimento e pelo
sociedade como um todo. Muito obrigado.
A
SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): O
Sr. Sandro Chimendes, representante União das Associações dos Moradores de
Porto Alegre, está com a palavra.
O
SR. SANDRO CHIMENDES: Sra.
Presidenta, a UAMPA se sente muito feliz, neste momento, de estar fazendo esse
debate com a sociedade, os meus companheiros, lideres comunitários, os
presidentes e presidentas de associações, diga-se de passagem, a maioria são
presidentas. É um orgulho para nós ter muitas mulheres confraternizando todos
os dias conosco e trabalhando conjuntamente. O saldo que nós temos dessa
atividade, é um saldo, um caldo bem expressivo porque eu vi o plenário lotado,
fiquei muito feliz enquanto representante da minha instituição aqui, e deixando
muito clara a nossa posição de que queremos trabalhar conjuntamente com as
forças na Cidade de Porto Alegre. Não posso deixar de colocar aqui que queremos
sentar juntos, sim, com os representantes dos bancos, com a AGAS, com o Sindicato dos Bancários, com os
sindicatos e federações dos vigilantes para fazer uma discussão das lotéricas e
da OGT. Para fazer uma discussão, não política, como disse o companheiro no
microfone, e, sim, da questão
ideológica da Cidade de Porto Alegre, dos avanços que esta Cidade tem que ter.
É compromisso meu representar o morador de Porto Alegre como cada Vereador que
se encontra no plenário, dos trinta e seis como mencionou o Vereador, porque
quem me elege é o cidadão que está na base. Quem elegeu o meu cargo na UAMPA
foi provavelmente uma pessoa que esteja neste plenário.
Então, eu tenho responsabilidade enquanto dirigente
daquela instituição com o cidadão comum que transita nesta Cidade. E para isso,
estaremos conjuntamente com as forças, assim como falou o Presidente da
Associação dos Transportadores, trabalhando no objetivo final, que é garantir
ao cidadão segurança, sim, e com isso estaremos lá à disposição para abrir um
amplo debate ideológico na Cidade de Porto Alegre. Obrigado. (Palmas.)
A SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): O Sr. César
Pons Dias da Costa, Gerente-Técnico do Meio Circulante, está com a palavra.
O SR. CÉSAR PONS DIAS DA COSTA: Gostaria de
dizer a respeito dessa Audiência
Pública que foi de extrema utilidade para toda a sociedade
porto-alegrense na medida em que trouxe à tona uma discussão tão importante tão
pertinente quanto essa da segurança, da distribuição de dinheiro e dando a
oportunidade para que todas as partes interessadas pudessem se manifestar,
colocando as suas idéias a respeito do tema. Eu tenho certeza de que iremos
sair daqui mais ricos e com idéias para modificar essa situação de hoje
melhorando essas relações em todos os seus aspectos. Porque ao Banco Central
cabe, como disse no início, distribuir o dinheiro. Diariamente, o Banco Central
pega dinheiro na Casa da Moeda do Brasil e esse dinheiro é levado, por via
aérea, para todos os cantos do Brasil: Amazonas, Acre, Chuí, para todas as
localidades, porque a preocupação do Banco Central é justamente que não falte
dinheiro para a sociedade. O dinheiro é um elemento fundamental do nosso dia-a-dia. Nós não podemos
prescindir dele. O cartão de crédito não resolveu o problema. Vai demorar muito
para que ele resolva. O cheque tão pouco. Então, há necessidade diária de
abastecimento de dinheiro, tanto cédula, como moeda divisionária, para que as
relações de troca possam acontecer de maneira boa. Então, a nossa preocupação é
nesse sentido, e nós esperamos que essa discussão continue, e que todas as
partes aqui representadas possam auferir um resultado positivo. Muito obrigado.
(Palmas.)
A SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): Obrigado, Sr. César.
Passamos
a palavra, agora, para o Tenente-Coronel Marco Antônio Moura dos Santos,
representante da Secretaria de Segurança Pública.
O SR. MARCO ANTÔNIO MOURA DOS SANTOS: Bom, para concluir a nossa Audiência
Pública - na realidade, como foi colocado por todos, nós também viemos aqui
para ouvir -, eu só vou fazer algumas considerações, até porque a Secretaria de
Segurança Pública, independente das questões que foram tratadas, também foi
referida mais de uma vez. Eu vou iniciar somente fazendo uma leitura da notícia
publicada no dia 10 de abril deste ano no jornal Zero Hora sobre o assalto que
sepultou a quadrilha de Seco - aquela que ocorreu na Proforte de Santa Cruz do
Sul. Durante à noite, um caminhão-guincho entrou dentro da Tesouraria da
Transportadora, e, a partir desse fato, inclusive, nós tivemos um capitão da
Brigada Militar que foi vitimado e acabou falecendo. Então, infelizmente, nós
não temos risco zero. E, reforçando, eu vejo, aqui, pessoas que labutam conosco
lá na Zona Norte, como a Dona Eronita, que sabe que a Brigada Militar, a
Secretaria de Segurança Pública, independente das mudanças que ocorreram, das
alterações que são factíveis a cada dois dias, a cada dois anos, a cada quatro
anos, dentro do cenário político, continua. Então, não é por que nós tivemos a
mudança de um Comandante-Geral, do próprio Secretário de Segurança Pública, que
nós deixamos de fazer ações de operação de polícia ostensiva. Muito antes pelo
contrário: há dois meses, estávamos participando diariamente das ações e operações
que estavam sendo feitas. E, hoje, essas operações são permanentes, ou seja, de
segunda a segunda. Então, houve um aumento significativo, e os senhores podem
verificar pelos dados estatísticos que foram trazidos, aqui, por várias
pessoas: no ano de 2007, frente ao ano de 2006, 2005, 2004, e assim
sucessivamente, quantitativamente, nós não temos tido problema. Como nós
iniciamos a nossa fala, na primeira intervenção, nós dissemos que uma vida que
venha a ser atingida nesse processo, independente de quantidade, para nós é
significativa. Por isso que, às vezes, determinadas medidas que são propostas a
curto, médio, e longo prazos, não são bem entendidas. E a Segurança Pública,
por ser de infra-estrutura - eu só preciso mais um minuto, Sra. Presidenta, por
gentileza -, nós precisamos ter infra-estrutura para podermos fazer frente, não
só a esse delito, mas a qualquer delito, porque esse tipo de delito precisa
de inteligência, de investigação e de operações, isso é o natural.
E
nós sabemos que o problema dos estabelecimentos bancários, esse problema de
transporte de valores, isso não é de hoje, nós já participávamos de reuniões
dessa natureza há muitos anos, onde já se vislumbrava determinado cenário que
todos os senhores conhecem e não seria pertinente nós trazermos agora, nesta
discussão.
Mas
queremos deixar também dito aos senhores que dentro das medidas da Secretaria
de Segurança Pública as operações vão continuar, por mais que, muitas vezes, as
pessoas não concordem com as operações. Foi colocado aqui numa determinada fala
que a Brigada Militar precisa fazer as operações em lugares distintos e ela
assim está fazendo; e com isso, só para os senhores terem uma idéia, foram
1.676 pessoas presas nos três últimos meses – não estou falando do semestre,
estou falando dos três últimos meses, ou seja, junho, julho e agosto – ,
dessas, 133 eram foragidas. A esta hora a Brigada Militar e a Polícia Civil
estão atuando. Infelizmente, ocorreram mortes, nós sabemos disso, não é o
desiderato da Secretaria de Segurança Pública; o objetivo do Secretário
Mallmann, como foi do Secretário Enio Bacci, como foi do Secretário Otávio
Germano, como é de todo o Secretário, não é que ocorram mortes, com toda a
certeza, e muito menos os objetivos da Brigada Militar.
Há
problemas a serem resolvidos, a proposição do Ver. Garcia apresenta uma
alteração de uma Lei que já existe, como foi bem colocado por todas as pessoas,
em nenhum momento se disse ao contrário, que precisa ser avaliada, e a
sociedade porto-alegrense, através de seus dignos representantes, vai dizer
qual vai ser o norte, qual vai ser o tom.
Independentemente
da lei, os senhores podem ter certeza: a Brigada Militar vai atuar em operações
e Polícia Civil vai investigar, como tem investigado, e os senhores
acompanharam nos últimos dias determinadas quadrilhas que foram presas prontas
para assaltar bancos, o que, possivelmente, poderia gerar vítimas: os
trabalhadores do banco, transportadores, cidadãos que estão ali fazendo as suas
transações bancárias ou pessoas que estão apenas caminhando na rua e,
infelizmente, estarão sujeitas a isso.
Para
finalizar, senhores, a Segurança Pública é um problema de todos nós. Eu ouvi
muitas vezes as pessoas falarem também aqui que podemos ser assaltados fora da
Câmara Municipal – só para reflexão, por gentileza entendam dessa maneira,
pedagogicamente, de forma alguma nós iríamos fazer uma insinuação ou uma
afirmação demagógica. Mas nós podíamos ser assaltados aqui dentro, nós
poderíamos ter casos de homicídios aqui dentro. De 800 ocorrências de
homicídios, ou mais, que nós tivemos no Estado, neste semestre, nós tivemos
quase 18% dentro de casa. Então não é só na rua, não é só na via pública que
nós precisaremos estar preocupados. Muito obrigado, e a Secretaria de Segurança
Pública está à disposição de todos. (Palmas.)
A SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): Muito
obrigada, Coronel Marco. Eu quero agradecer a presença de todos os senhores e
senhoras; dizer que o debate foi extremamente importante neste tema
especificamente do Projeto do Ver. Garcia; que vamos, a Mesa e as Lideranças
desta Casa, com responsabilidade, dar continuidade a este debate, sobretudo
após a coleta das notas taquigráficas, verificando todos os encaminhamentos que
foram propostos, juntos com o autor do Projeto, Ver. Garcia. Enfim, quem sabe
colocarmos em votação o Projeto ainda neste semestre.
Uma boa-noite para todos os senhores e senhoras e
muito obrigada pela presença de todos.
(Encerra-se a Audiência Pública às 22h04min.)
* * * * *